Publicado em 13/01/2020 às 16h40.

Pai de santo da Casa Oxumaré vai construir templo na Nigéria

O terreiro deverá ser concluído até setembro, resgatando o culto em Oyó e levando elementos do candomblé baiano

Redação
Foto: Divulgação/Ilê Oxumarê
Foto: Divulgação/Ilê Oxumarê

 

O axé da Casa de Oxumarê, um dos mais antigos e tradicionais terreiros de candomblé da Bahia, também poderá ser reverenciado no continente africano, a partir de setembro deste ano.

Isso por que o atual líder do espaço religioso, Sivanilton Encarnação da Mata, o Babá Pecê, enviou dois representantes para a cidade de Oyó, na Nigéria, a terra ancestral de Xangô para construir o ‘Templo de Oxumarê’.

A ação é um marco histórico para o povo de santo, que além de resgatar o culto do Oxumarê em Oyó, também levará elementos do candomblé baiano – instrumentos, vestimentas, canções e orações – para a África.

A ação que está sendo promovida com o apoio da Associação Asa Orisa e a Fundação Paula Gomes – instituições sediadas em Oyó, que trabalham pela preservação do patrimônio cultural e religioso. Elas têm como objetivo reafirmar o valor da cidade africana como terra ancestral e um centro internacional de altíssima importância para todas as ramificações e tradições de culto ao Orixá da diáspora yoruba.

O reconhecimento internacional de Oyó como espaço religioso contribui para afirmação do seu significado como patrimônio cultural da humanidade. O templo será construído dentro dos padrões africanos para não interferir no conjunto arquitetônico da cidade. Porém, o culto será realizado estritamente conforme a tradição religiosa preservada na Casa de Oxumarê, em Salvador, Bahia.

Segundo Babá Pecê, o cuidado de realizar a cerimônia na tradição brasileira é também uma forma de afirmar a importância das heranças de culto da diáspora. “É também um reconhecimento da África perante as tradições que foram transmitidas pelos nossos ancestrais africanos e preservadas na Bahia ao logo de séculos, apesar do contexto histórico de extrema opressão”, conclui o babalorixá.

Após a conclusão da obra, Babá Pecê e sua comitiva religiosa, composta pelos altos sacerdotes da Casa de Oxumarê, viajarão para Oyó a fim de realizar a cerimônia de assentamento definitivo do Orixá, que se manifesta por meio do arco-íris, a grande ponte entre o céu e a terra. A Casa de Oxumarê realizará anualmente uma cerimônia em louvor a Oxumarê, em Oyó, e um festival religioso a cada sete anos.

Durante o ano o templo ficará aos cuidados dos sacerdotes de Xangô, uma vez que já não existem famílias de Oxumarê na cidade.

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