Navarro trabalhou em escritório que servia empreiteiras
Ele assume pasta responsável por negociar acordos de leniência com as mesmas construtoras acusadas de desviar recursos da Petrobras e de outros órgãos federais
Anunciado novo ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), o advogado Luiz Navarro trabalhou até a última segunda-feira para um escritório de advocacia que tem como clientes empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato. Órgão de controle interno do governo, a pasta que ele assume oficialmente nesta quinta-feira, 3, é responsável por negociar acordos de leniência com as mesmas construtoras, acusadas de desviar recursos da Petrobras e de outros órgãos federais.
De perfil técnico, Navarro foi secretário executivo da CGU até 2013. Em maio de 2014, se associou ao Veirano Advogados em Brasília. A banca representa o Grupo Odebrecht em diversas causas e também atuou, no ano passado, na reestruturação da dívida da UTC Engenharia. Ambas já iniciaram tratativas para colaborar com o governo, com vistas a um entendimento para manter os contratos públicos.
No escritório, Navarro prestava serviços como consultor na elaboração de programas de compliance (medidas empresariais para detectar e evitar desvios ou inconformidades). Também fez palestras a empresas sobre a nova Lei Anticorrupção, que ele ajudou a elaborar quando era o “número 2” da CGU. A norma prevê a responsabilização de empresas envolvidas em corrupção e os acordos de leniência.
O novo ministro foi eleito conselheiro de Administração da Petrobras em abril do ano passado, mas permaneceu como quadro fixo do escritório até julho, quando se desligou da sociedade para “evitar situações de conflito de interesse”. Continuou, porém, prestando serviços como “consultor externo” da banca e, até a última segunda-feira, constava no site do Veirano e usava o e-mail corporativo do escritório.
Navarro assegura que não prestou consultorias para as empresas investigadas na Lava Jato e demais fornecedoras da Petrobrás. Segundo ele, as empresas atendidas no escritório não têm relação com a estatal. Questionado pela reportagem, no entanto, ele não apresentou a lista dos clientes para os quais prestou serviços.
Defesas
O novo chefe da CGU disse ainda não “fazer ideia” se o Veirano Advogados tem casos de empresas investigadas na operação e que se desligou da sociedade para não ter notícias a respeito. Segundo ele, a banca só lhe repassou trabalhos em que tem “certeza absoluta” de que a empresa não faz negócios com a Petrobras.
O Grupo Odebrecht confirmou que o escritório assessora suas empresas “em assuntos jurídicos de cunho administrativo”. A UTC explicou que a banca tratou da renegociação de suas dívidas com bancos. Nesses casos, a contratação é formalizada pelos credores e o pagamento, pelo devedor. O Veirano também teve como cliente a Braskem, petroquímica que tem como sócias a Petrobrás e a Odebrecht.
Procurado pela reportagem, o Veirano Advogados não informou quais são seus clientes, nem as atividades desempenhadas para cada um deles, alegando “sigilo profissional e contratual”. Em nota, explicou, contudo, que não atende empresas e executivos especificamente “no âmbito da Operação Lava Jato”.
“O escritório, entretanto, conta com uma área especializada em compliance e governança corporativa, onde atende empresas em diferentes atividades relacionadas a esses temas. O escritório informa adicionalmente que não tem neste momento “nenhuma ação em andamento no âmbito da Controladoria Geral da União”, acrescenta a nota.
O Veirano informou, ainda, que as relações profissionais mantidas com Navarro foram encerradas na segunda-feira e que o advogado se desligou da “sociedade” em julho do ano passado por conta das atribuições “no Conselho de Administração da Petrobras e do regresso às atividades de assessor no Senado”, sua carreira de origem. “A partir de então, passou a colaborar esporadicamente com a banca como consultor em projetos específicos.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Mais notícias
-
Política
21h30 de 27 de abril de 2024
Ministério dá aval para recriar comissão sobre desaparecidos políticos
Gupo foi formado em 1995 e extinta no final de 2022
-
Política
21h00 de 27 de abril de 2024
MP arquiva caso de câmeras em apartamento de deputada
A parlamentar Dayany Bittencourt encontrou câmeras escondidas no apartamento alugado por ela em Brasília
-
Política
19h00 de 27 de abril de 2024
Bolsonaro é orientado a indicar Michelle à Presidência em 2026
O ex-presidente tem sido aconselhado a falar publicamente da esposa e do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil)
-
Política
18h00 de 27 de abril de 2024
‘Cada seis meses é um round’, diz Haddad sobre equilíbrio fiscal
O minsitro disse ainda que esforço para que o país equilibre suas contas não chegará a uma vitória "por nocaute"
-
Política
17h30 de 27 de abril de 2024
Bolsonaro visita cidade do Nordeste, passa mal e deixa evento
“Obrigado meu Nordeste”, escreveu o ex-presidente ao compartilhar vídeo
-
Política
15h00 de 27 de abril de 2024
Felipe Neto é autuado por injúria em inquérito aberto a pedido de Arthur Lira
Youtuber chamou o presidente da Câmara de ‘excrementíssimo’ durante uma agenda da Casa na terça-feira, 23, e a Polícia Legislativa vai investigar
-
Política
14h30 de 27 de abril de 2024
Deputado pede quebra de sigilo da comitiva de Lula em viagem a Londres
Nikolas Ferreira (PL-MG) quer seber sobre gastos públicos com a viagem e quem foram os ocupantes de 57 quartos de luxo no hotel JW Marriott Grosvenor House
-
Política
12h00 de 27 de abril de 2024
Senado recorre ao STF para manter desoneração da folha
Advocacia do Senado Federal pede que decisão de Zanin que suspendeu a prorrogação da desoneração seja reconsiderada
-
Política
09h30 de 27 de abril de 2024
Para deputados, regulamentação da reforma tributária só será concluída em 2025
Enquanto Lira quer concluir votação este ano, líderes da Câmara preveem que regulamentação da reforma tributária será conluída só no ano que vem
-
Política
07h30 de 27 de abril de 2024
Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas fecham acordo para eleição de 2026
Ex-presidente da República e governador selaram um acordo para a eleição ao Senado em São Paulo no ano de 2026