Publicado em 06/03/2020 às 18h20.

Conheça as delegadas que atuam no combate à violência doméstica

Simone Moutinho e Heleneci Nacimento comandam as duas Deams da capital

Redação
Foto: Divulgação/SSP
Foto: Divulgação/SSP

 

Acolher, empoderar e dar confiança. Aliado a isso – e sempre sob o auxílio das leis de repressão à violência doméstica -, a titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) do bairro de Brotas, Heleneci Nascimento, desenvolve estratégias e atividades que protegem vítimas de potenciais agressores.

Faz isso há pouco mais de cinco anos, quando assumiu unidade. A Polícia Civil, instituição que integra há 20 anos, é realização profissional para a delegada. “Sou muito feliz com minha atividade na unidade e o papel que ela representa. Precisamos trazer respostas para vítimas que sofrem violência, seja ela psicológica ou física”, diz Heleneci.

A posição que exige sobriedade, contudo, não exclui a sensibilidade, confessa ela, ao confessar que se emociona com alguns dos relatos. “Uma senhora chegou chorando e quando levantou a blusa mostrou marcas de queimaduras nos seios e abdômen, cometidas pelo marido. Conseguimos prender ele em menos de 24 horas”, recorda.

Casada há 23 anos, a delegada também é mãe e amante de viagem e academia. O que resta de tempo, Heleneci Nascimento, que também é especialista em Segurança Pública com foco na Violência Domestica, dedica ao Conselho Estadual de Defesa dos Direitos das Mulheres.

Em 2019, a Deam de Brotas prendeu 271 agressores, registrou 6.600 ocorrências e instaurou 2.900 inquéritos, segundo a delegada, que comenta as ações preventivas da unidade.“A primeira é a ‘Deam Vai à Escola’, que é em formato de palestras para alunos do ensino público. Outra ação é a parceria com estudantes de medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba), que avaliam as lesões e os impactos causados no corpo da mulher”, comenta.

Há ainda, segundo Heleneci, o projeto ‘Deam Itinerante’ – que atua em bairros junto as Bases Comunitárias de Segurança (BCS) da Polícia Militar. Em um ônibus registramos boletins de ocorrência e promovemos atendimento psicológico e social”.

Periperi
Coisa parecida realiza a titular da Deam de Periperi, delegada Simone Moutinho, que está há 24 anos na Polícia Civil e há dois comanda a unidade. “Quando cheguei me aproximei dos moradores através dos líderes comunitários. Com essa relação, surgiu o projeto ‘Maria do Bairro’, que capacita a população sobre a Lei Maria da Penha”, conta.

Mas não bastava falar da violência só com as mulheres, acrescenta ela. “Era necessário ir na fonte do problema, que são os homens. Comecei a convidar os autuados em flagrante para uma ação reflexiva, com a presença de assistente social e psicólogo, com o intuito de fazer eles entenderem os erros cometidos”.

Simone diz ainda que faltava pensar na autoestima das vítimas e na independência financeira dessas pessoas. “Assim surgiram os projetos ‘Maria Bonita’, com doações de bolsas com kits de maquiagem e higiene pessoal, e o ‘Maria Vitória’ que oferece cursos profissionalizantes”.

Segundo a delegada, a Deam de Periperi registrou, em 2019, 5.031 ocorrências, instaurou 2.363 inquéritos e prendeu 146 agressores. “Tenho convicção da minha postura enquanto profissional e estou lá para proteger o direito dessa mulher. Preciso ser forte, mas é necessário ter muita sensibilidade, pois entendemos que nesse momento de violência somos as únicas pessoas que elas confiam”.

Para além de policial, a titular da unidade especializada se define uma mulher religiosa – que é casada, professora universitária, tem uma filha feminista de 20 anos e acredita que “uma palavra de conforto muda uma mulher em estado de violência”.

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