BC reduz previsão de déficit nas contas externas para R$ 41 bilhões
Valor deve corresponder a 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB)
O déficit em transações correntes (contas externas), que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do Brasil com outros países, deve ficar em US$ 41 bilhões, este ano, segundo estimativa do Banco Central (BC), divulgada no Relatório de Inflação, publicado nesta quinta (26).
Esse valor deve corresponder a 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país. A previsão anterior, divulgada em dezembro, era US$ 57,7 bilhões (3,1% do PIB).
“Os principais fatores que influenciaram as revisões repercutem os efeitos econômicos da pandemia de coronavírus (Covid-19), que deverão afetar significativamente o crescimento global, bem como a redução na projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2020, e as recentes mudanças no mercado internacional de petróleo”, diz o BC.
Balança comercial – A projeção do BC para o superávit comercial é de US$ 33,5 bilhões para este ano, refletindo previsões de US$ 191 bilhões para as exportações e US$ 157,5 bilhões para as importações – reduções respectivas de 15,4% e de 14,9% em relação a 2019.
“Em relação às vendas externas, a forte queda nos preços das commodities [produtos primários com cotação internacional] é o principal fator da revisão, acompanhada da redução nas exportações de produtos manufaturados devido ao ambiente externo mais desafiador. A redução no valor das importações tem como principais vetores a desvalorização do real frente ao dólar americano e o menor crescimento da atividade doméstica”, diz o relatório.
Serviços – Para a conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de investimentos, entre outros), a previsão é de retração de 14,1%, atingindo US$ 30,2 bilhões (US$ 36 bilhões no relatório anterior). “Destaca-se a revisão da conta de viagens, com redução de US$ 6,5 bilhões nas despesas líquidas [gastos de brasileiros no exterior menos receitas de estrangeiros no Brasil], refletindo os efeitos do câmbio mais depreciado [alta do dólar] e das restrições a viagens geradas pela pandemia de Covid-19”, diz o BC.
Renda – Do lado da renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários), o BC espera recuo das remessas líquidas em 2020 em relação ao ano anterior, atingindo déficit de US$ 45,8 bilhões. “A projeção para o pagamento de juros, em US$ 21 bilhões, situa-se abaixo do valor observado em 2019 (US$ 25,2 bilhões), influenciada pelo cenário de menores taxas de juros no mercado internacional”, acrescenta o relatório.
A estimativa para as remessas líquidas de lucros e dividendos diminuiu para US$ 25 bilhões (US$ 34 bilhões na projeção anterior), resultado do câmbio mais depreciado e de menor desempenho da atividade doméstica.
Investimentos – Segundo o BC, as incertezas relacionadas aos impactos econômicos do Covid-19, ao enfraquecimento do comércio internacional e à queda de preços do petróleo reduziram também as perspectivas de entradas líquidas de Investimentos Diretos no País (IDP) para US$ 60 bilhões no ano, ante US$ 80 bilhões projetados no último Relatório de Inflação.
Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o IDP, porque os recursos são aplicados no setor produtivo.
Empréstimos – “Espera-se equilíbrio entre amortizações e ingressos de empréstimos diretos e títulos de longo prazo, resultando em taxa de rolagem [razão entre desembolsos e amortizações] de 100% em 2020, ante 80,4% em 2019”, afirmou o Banco Central.
Do lado dos ativos, a projeção para o investimento brasileiro no exterior foi reduzida a US$ 10 milhões para 2020, ante US$ 22,1 bilhões em 2019.
Por último, foram mantidos os investimentos em carteira no exterior, que deverão alcançar US$ 5 bilhões em 2020, abaixo dos US$ 11,2 bilhões registrados em 2019.
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