Governo perde os principais cargos da comissão do impeachment
O presidente, Rogério Rosso (PSD-DF), e o relator do processo, Jovair Arantes (PTB-GO), são considerados parlamentares alinhados com Eduardo Cunha
O governo não conseguiu emplacar nenhum nome no comando da comissão que analisa o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Eleitos nesta última quinta (17) pelo colegiado instalado no mesmo dia, o presidente deputado Rogério Rosso (PSD-DF) e o relator do processo, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), são considerados parlamentares alinhados com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), declarado opositor ao governo, apesar de estar no partido da base aliada.
Como vice-presidentes foram eleitos os deputados Carlos Sampaio (SP), Maurício Quintella Lessa (PR-AL) e Fernando Coelho Filho (PSB-PE), também favoráveis à saída de Dilma do Palácio do Planalto. Em entrevista nesta sexta (18), na Câmara dos Deputados, Rosso tentou minimizar tendências. Garantiu que é isento em relação ao tema, mas reconheceu que seu partido está dividido.
“É um partido que tem deputados que votam com o governo e outros que não votam contra. Minha posição é de isenção, de aguardar os fatos. Vamos trabalhar nas regras da constituição. Meu vinculo é com o povo brasileiro. Aqui os representantes são do povo brasileiro”, disse. Entre os titulares do PSD, além de Rosso, o deputado Júlio César (PI) também é aliado do presidente da Casa, enquanto Marcos Pontes (MG) se posiciona como oposição. Apenas Paulo Magalhães (BA) pode garantir um voto a favor de Dilma. Entre os suplentes, dois são contrários ao governo e dois se classificam como indefinidos ainda.
Entre os 65 titulares da comissão, 42 integram a base governista, mas a divisão entre eles dificulta uma prévia sobre o resultado do trabalho do colegiado. O PT e o PMDB foram os partidos com maior número de indicações em função do tamanho de suas bancadas na Casa. Cada legenda indicou oito titulares e o mesmo número de suplentes.
Enquanto há unanimidade natural no PT, no PMDB, que também integra a base aliada, há apenas duas garantias favoráveis à manutenção de Dilma no Planalto: o líder Leonardo Picciani (RS), que está como titular, e, como suplente, Elcione Barbalho (PA). Todos os demais, como Lúcio Vieira Lima (BA), Washington Reis (RJ), João Marcelo Souza (MA) e, entre suplentes, nomes como os de Carlos Marun (MS), Manoel Junior (PB) e Vitor Valim (CE) têm seguido na direção oposta.
Além do PT, PCdoB (1 titular/1 suplente), PV (1/1), PDT (2/2), PSOL (1/1), PTdoB (1/1), PMB (1/1) podem engrossar o apoio a Dilma. Pela Rede, Alessandro Molon (RJ), que foi indicado como suplente, declarou estar indeciso em relação ao processo.
O PPS não tem parlamentares ligados a Cunha, mas Alex Manente (SP) e seu suplente Sandro Alex (PR) são da oposição. Entre os seis titulares e seis suplentes do PSDB, apesar do apoio ao impeachment, há uma divisão entre próximos ao peemedebista e independentes. Os quatro assentos do PSB também revelam uma divisão entre aliados de Cunha e oposicionistas, assim como os três parlamentares do DEM e seus suplentes.
Na linha de Cunha, integralmente estão PRB (2), PSC (2), SD (2), PEN (1), PHS (1), PROS (2) e PTN (1), mas o suplente do PTN, Aluisio Mendes (MA) afirma ser contrário ao impedimento de Dilma Rousseff. Pelo PP, dos cinco titulares, apenas Paulo Maluf (SP) é um voto mais seguro para o governo. Entre os quatro parlamentares titulares e os quatro suplentes do PR, o único nome que não é alinhado com Cunha é o da deputada Zenaide Maia (RN).
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