Lista dos anos 80 contém Imbassahy, Leonelli e presidente do TCU
Construtora Odebrecht teria feito pagamentos de propinas a políticos para “facilitar” obras; confira os principais nomes e apelidos
A Polícia Federal estuda incorporar ao banco de dados da Operação Lava Jato uma lista de supostos pagamentos de propinas a cerca de 500 políticos e empresários pela construtora Odebrecht nos anos de 1980. A documentação foi entregue pela ex-secretária do departamento financeiro da empresa Conceição Andrade, que atuou na companhia de 1979 a 1990, ao deputado federal Jorge Solla (PT-BA) em setembro do ano passado. No dia 17 do mesmo mês, o petista encaminhou os papéis à CPI da Petrobras e os repassou para a Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros do Paraná, por entender que seriam de interesse da investigação.
Na relação, constam os nomes e apelidos de pessoas em atividade até hoje, como os filhos do presidente da República da época e atual senador pelo Amapá, José Sarney (PMDB). Fernando Sarney, com o codinome “Filhão”, José Sarney Filho, o “Filhote”, e Roseane Murad – Princesa – estão inscritos como recebedores frequentes de pagamentos pela diretoria-geral da empresa, identificada como DGU. Na mesma situação estão ainda o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), chamado de “Arvir”, o senador maranhense Edison Lobão (PMDB) – “Sonlo” – e seu colega de Casa Agripino Maia (DEM), o “Pino”. Investigado no esquema do petrolão, outro integrante da Câmara Alta do Congresso, Jáder Barbalho (PMDB-PA) surge como “Whisky”, supostamente beneficiado com a construção da BR-163 no Pará.
Entre os projetos estão ainda o Metrô de Recife, pontes de Vitória e Colatina, no Espírito Santo, Canais de Cuiabá e esgotamento sanitário de Rondonópólis (MT), Porto de Natal, BR-101, Transmaranhão, Usina de Capanda, em Angola, e até o Transporte de Massa de Salvador, que jamais saiu do papel.
Baianos – Entre os baianos está o atual deputado federal Antônio Imbassahy (PSDB) – com o codinome “Almofadinha” – listado como favorecido da barragem de Pedra do Cavalo. Ele foi diretor-presidente da Companhia de Eletricidade da Bahia (Coelba), de 1979 a 1984, cinco dos seis anos de execução da obra. Ex-parlamentar e ex-secretário de Turismo da Bahia, Domingos Leonelli surge como “Dolli” e integrante dos “parceiros” da DGU, assim como o atual presidente do Tribunal de Contas da União, Aroldo Cedraz (Toldo), e o ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Filemon Mattos (Carne). Os ex-deputados estaduais Eujácio Simões (Careta) e Galdino Leite (Ipiranga) são relacionados como favorecidos da construção da Barragem do Jacuípe.
Em entrevista ao Fantástico de domingo (27), a ex-funcionária da Odebrecht diz que a prática de pagamentos de caixa 2 é sistemática e antiga na companhia. “Eles funcionavam com esquema de caixa dois paralelo ao esquema, à contabilidade da própria empresa. Não tinha um departamento separado como hoje. […] Tudo isso era propina. Tudo que tem dentro, toda essa relação que existe nessa lista foram pagamentos de propina. Foi dinheiro saído do caixa dois. […] A coisa era feita abertamente. Todo mundo sabia na empresa. As pessoas dentro do departamento financeiro sabiam e algumas pessoas também fora sabiam que a empresa sempre trabalhava com caixa dois”, relatou Conceição Andrade.
Crimes prescritos – Mesmo que seja comprovada a autenticidade dos documentos, a PF diz que, provavelmente, ninguém será processado, porque os possíveis crimes já estariam prescritos. Por meio da sua assessoria de imprensa, a Odebrecht disse que a empresa não irá se manifestar sobre a lista dos anos 1980.
Confira a lista e os documentos completos aqui.
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