Publicado em 30/07/2021 às 07h53.

Em evento virtual, Crea-BA debate crise hídrica e possibilidade de apagão

Serão realizadas 11 palestras de maneira remota até o fim deste ano

Redação
Foto: Divulgação/Crea-BA
Foto: Divulgação/Crea-BA

 

A Câmara Especializada de Engenharia Elétrica, do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), debateu a crise hídrica no Brasil em na 2ª edição do Conexões Elétricas, projeto lançado pela Especializada em 2020

Para iniciar a série de 11 palestras, que serão realizadas até o fim do ano, o coordenador da Câmara, Miguel Lobo, escolheu o tema “O avanço das gerações fotovoltaicas e eólicas e as consequências da crise hídrica”.

Na abertura do evento, o presidente do Crea-BA, eng. agrimensor Joseval Carqueija, destacou a importância do tema para a sociedade. “Precisamos discutir o tema e buscar alternativas. Por exemplo, a geração solar pode reduzir os impactos da crise hídrica no segmento elétrico do Brasil. A regulamentação da hibridação das fontes de energia pode ser uma resposta à ociosidade das usinas hidrelétricas, que encaram um cenário de declínio nos níveis dos reservatórios”, reforçou Carqueija.

Durante sua palestra, Miguel Lobo trouxe um panorama da matriz energética do Brasil, apresentando a sua composição por fonte, a dependência do ciclo da chuva, os impactos que esta dependência provocam na economia e alternativas que podem minimizar estes efeitos. “A oferta interna de energia no Brasil registrou, em 2020, um decréscimo de 2,2% em relação ao ano anterior”, destacou.

Hoje, 48,4% da energia utilizada no Brasil é proveniente de fontes renováveis (biomassa da cana, hidráulica, lenha e carvão vegetal, dentre outras), já 51,6% vem de fontes não-renováveis (petróleo e derivados, gás natural, carvão mineral, urânio e outras).

O engenheiro chamou atenção ainda para o fato de que 67% da energia gerada no País vêm de usinas de fonte hídrica. “Temos três usinas hidrelétricas, entre as maiores do mundo, em potência instalada: Itaipu Binacional, Belo Monte e Tucuruí”. Mas, ele ressaltou que os níveis de reservatório em maio deste ano, no sudoeste e centro-oeste, era metade para o mês e o mais baixo desde 2015.

Apagão?

Durante a live, Miguel falou sobre o apagão de 2001, assunto que voltou a rondar o país em 2021. Na época, o Governo Federal recorreu a blecautes programados para evitar o colapso do sistema elétrico brasileiro. “As ruas ficaram parcialmente sem iluminação pública e houve proibição de eventos noturnos, como shows e partidas de futebol. Segundo cálculo do Tribunal de Contas da União, o prejuízo causado pelo apagão foi de R$54,2 bilhões”, destacou Miguel.

Ele chamou atenção ainda para o fato de que, “a má gestão do Governo Federal pode provocar racionamento e tarifação nas contas de luz”. Algumas alternativas seriam o retorno do horário de verão e deslocamento da produção para outros períodos, fora do horário de ponta.

Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a previsão é entrar em operação neste ano 4.745 megawatts (MW) de potência instalada no sistema interligado nacional (SIN). Desse total, 1.683 MW são de eólicas, 1.338 MW de térmicas a gás e 1.317 MW são de energia solar — há ainda, em menor potência, usinas a biomassa e pequenas hidrelétricas.

Com a tendência de alta, contratos de fornecimento de energia no segundo semestre têm sido vendidos a cerca de R$ 475/MWh, com forte disparada frente aos cerca de R$ 175 em meados de março, antes do agravamento da crise hídrica, de acordo com o presidente da Esfera Energia, Braz Justi.

No dia 22 de julho, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) acendeu novo alerta com uma nota técnica sobre os desafios diante do cenário de grave crise nos reservatórios de hidrelétricas, sinalizando que a capacidade de geração de energia no país poderá ser levada ao seu limite.

“Precisamos diversificar ainda mais a matriz energética, preservar os recursos hídricos, investir em planejamento e ampliar a oferta de leilões de energia. Essas são algumas saídas para a situação atual do Brasil”, reforçou o engenheiro eletricista que trouxe ainda informações atuais sobre o avanço da energia eólica que, este mês, conseguiu abastecer todo o Nordeste pela primeira vez. A energia fotovoltaica também foi apresentada como alternativa para investimento.

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