Pinheiro confirma convite de Rui para SEC: ‘não está fora do radar’
Senador vai jantar na noite desta quarta-feira (20) com o governador para decidir se aceita ou não assumir a Secretaria de Educação
O senador Walter Pinheiro (sem partido) confirmou ao bahia.ba que irá jantar com o governador Rui Costa (PT) na noite desta quarta-feira (20) para decidir se aceita ou não assumir a Secretaria de Educação do Estado (SEC), que segue sem titular, desde o pedido de demissão de Osvaldo Barreto.
De acordo com o parlamentar, o chamamento aconteceu em um almoço entre os dois, na Governadoria, no último dia 21 de março, quando ele disse que precisaria de “um tempo”. Primeiramente para resolver a sua saída do PT, que já estava decidida, amadurecer e diluir a ideia e olhar “de fora” o impacto das crises econômica e política. “Depende muito. A gente vai bater um papo, mas eu ainda estou analisando muitas coisas para ver onde é e de que forma eu posso contribuir mais”, afirmou, ao revelar que “tem tido uma pressão” sobre a SEC porque o aviso de saída de Barreto “vazou muito depois”, pois ele teria solicitado o desligamento em 17 de março.
Perguntado se na conversa desta quarta o martelo poderá ser batido, Pinheiro disse que um possível retorno ao governo – ele foi secretário do Planejamento no primeiro mandato de Jaques Wagner –, não está descartado. “Não está fora do radar, mas também não está no centro”, comparou. Caso opte por voltar à Bahia, não será por indicação partidária. “Eu não vou me filiar a nenhum partido e a possibilidade de volta ao PT está completamente descartada. Não se retoma um casamento depois do divórcio. Não dá certo”, comparou.
Cenário nacional – Se Walter Pinheiro trocar Brasília por Salvador, quem assume a vaga no Congresso é o ex-deputado estadual e ex-secretário de Agricultura da Bahia Roberto Muniz, do PP.
Ex-petista, ele admite ter acumulado “desgaste” e mantido “um grau de enfrentamento” com o governo da presidente Dilma Rousseff, que terá o destino selado pelo próprio Senado nas próximas semanas. “Lamentavelmente, passamos por um período muito ruim. Uma coisa que eu falei foi que estava saindo do PT por uma discordância com o governo federal e não uma discordância com Rui. Eu apostava muito que, no retorno das eleições, a gente tentaria mudar o rumo. Eu mesmo tinha um conjunto de propostas, mas as coisas não aconteceram”, ponderou o parlamentar.
Apesar das discordâncias, Pinheiro não acredita que só o afastamento da mandatária colocará o país novamente em direção ao crescimento. “A crise é bem profunda e a solução, lamentavelmente, não é a saída ou a manutenção de Dilma. A entrada de quem se coloca como alternativa de poder não resolve. O consórcio PT-PMDB é o responsável pela crise que está aí. Se juntos não conseguiram fazer, imagine rachados?”, ironizou.
Eleições gerais – Um dos signatários da Proposta de Emenda à Constituição que pede novas eleições presidenciais, Pinheiro defende que a população tenha a possibilidade – em um momento de falta de credibilidade da política brasileira – de escolher “alguém com credibilidade, experiência, capacidade de diálogo, que não esteja envolvido nessa disputa”.
Quem? Marina Silva? Aécio Neves? Lula? Ele não sabe dizer. “Até gosto muito da Marina [Silva]. Tenho não só simpatia por ela, mas também uma relação muito afinada. Mas acho que a sociedade brasileira teria condição de achar um nome. Talvez uma novidade, com credibilidade para botar esse país no eixo. Voltar ao passado nunca deu muito certo”, elucubrou.
Sobre os questionamentos de que a PEC teria o objetivo de barrar o andamento do processo de impeachment ou seria inconstitucional, Pinheiro se defende e exemplifica: “Isso é mentira. O rito continua. A PEC perpassa o processo. Pode ser antes, durante ou depois. Sobre a ilegalidade, vou te dar três exemplos de que o Congresso, quando é de benefício dos parlamentares, deixa tramitar, independentemente de questionamentos: 1) aumento de dinheiro – salários e verbas de gabinetes; 2) alteração de mandatos; 3) a janela da farra do boi de trocas partidárias”, enumerou.
Mesmo que o argumento seja de que o Parlamento tem que “deixar o povo decidir”, o senador reconhece que a PEC não deve passar: “Acho muito difícil que aconteça. Eles preferem ficar roendo o osso. É a sede do poder”.
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