Publicado em 02/02/2022 às 22h23.

Enfermeira denuncia transfobia dentro de banco: ‘Agiu como se eu fosse uma marginal’

Em conversa com o bahia.ba, Lorrany detalhou o caso; polícia vai intimar servidora envolvida

Leilane Teixeira
Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

 

A enfermeira Lorrany Manthele, de 39 anos, denunciou ter sofrido transfobia dentro de uma agência bancária do Banco do Brasil, no bairro do Comércio, em Salvador. Em conversa com o bahia.ba, a mulher contou que foi tradada como “um marginal” e não teve o direito de ser chamada pelo pronome feminino.

“Eu e minha mãe fomos resolver uma situação no Banco do Brasil por volta das 09h30 de segunda-feira (31). Até determinado momento, estava tudo certo e eu estava aguardando o atendimento. Quando deu umas 11h30 levantei e fui perguntar a uma funcionária sobre quando ia chamar a senha, porque estava demorando demais. Porém, ela saiu e deu as costas. Até o momento, eu respeitei porque imaginei que ela estivesse agoniada. Quando foi por volta de 13h, eu fui falar com ela novamente e mais uma vez ela deu um pulo da cadeira como se eu tivesse transmitindo alguma coisa ruim para ela”, iniciou.

Servidora dando as costas enquanto Lorrany falava. Imagem: Arquivo pessoal
Servidora dando as costas enquanto Lorrany falava. Imagem: Arquivo pessoal

A enfermeira contou que não ficou calada e foi até a profissional do banco perguntar do porquê daquele tratamento. “Quando questionei o porquê da atitude, ela disse que era a ciência. Pensei até que fosse a Covid, porém ela levantou e me deu as costas mais uma vez para ir atender outra pessoa. A partir daí procurei o gerente, questionei e uma outra pessoa me atendeu e pediu para aguardar. Quando essa mesma mulher chamou minha mãe para atende-la, eu fui de novo para questionar meu atendimento e simplesmente ela disse: ‘mande esse homem aí calar a boca. Porque esse rapaz já veio aqui três vezes perguntar a mim que horas vai ser atendido’, contou.

A atitude da profissional despertou o sentimento de revolta em Lorrany, que na mesma hora rebateu e pediu respeito. Porém, segundo ela, nada adiantou, pois a servidora novamente se retirou e deu as costas.

“Na mesma hora eu rebati, dizendo que rapaz não, porque eu estava vestida de mulher e era uma mulher trans. Exigir respeito, mas ainda assim ela rebateu afirmando que estava vendo um homem na frente dela e não uma mulher. Além disso, ela falou ainda que era obrigada a me atender, mas não me chamar pelo nome de mulher, porque para ela eu era um homem”.

A enfermeira conta que depois dessa atitude, ela começou a gravar a situação. Segundo Lorrany, ninguém do banco fez nada e nem interviu na atitude da funcionária. “Ela me tratou de uma forma marginalizada. A todo momento ela demostrou ser transfóbica e eu tive que me controlar, porque eu já vivo cansada disso tudo. Sempre acabo passando por isso em todos os lugares e em todas as áreas da vida”.

Pronunciamento

Procurada pelo bahia.ba, o Banco do Brasil informou que a instituição bancária ‘está tomando todas as medidas para apurar o caso’. A estatal afirmou ainda que “preza pela ética nas relações com seus clientes, sem distinção quanto a qualquer grupo social. Pautamos nossas relações pelo respeito às diferenças”.

Já a Polícia Civil informou que a servidora do local será intimada para prestar esclarecimentos.

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