Publicado em 14/03/2022 às 14h40.

Zé de Zulmira diz que forró não aguenta mais sanfona enfonada

"Eu tô é doido para ver o forró voltar a pleno vapor"

Levi Vasconcelos

Pergunta a Zé de Zulmira, um dos arautos da legião de forrozeiros que povoam o Nordeste brasileiro: qual a expectativa com a volta do São João após dois anos de sanfona enfonada?

— Eu não tenho expectativa. Eu tô é doido para ver o forró voltar a pleno vapor.

Zé, que é dono da Forró Frutos Nordestinos, sediada em Simões Filho, e um dos fundadores da Associação Bahiana de Forrozeiros, diz que a pandemia da Covid espalhou muitas dores e tristezas no time da sanfona e da zabumba, pela morte de alguns vítima da doença e outros ameaçados de morte pela fome:

— Minha banda só sobreviveu porque o sanfoneiro é o meu filho (Fernandinho do Acordeon), e eu há 42 anos vendo bananas na Ceasa.

Lei da Zabumba

Santas bananas, ressalte-se. Foi com o bom manejo delas que Zé também ajudou o time dos que o rodeiam para fazer a Frutos Nordestinos frutar. Ele conta que na pandemia a Prefeitura de Simões Filho recebeu R$ 1 milhão para acudir o pessoal da cultura na pandemia, mas o resultado foi pífio:

— O dinheiro… se não comeram, devolveram.

Apesar dos pesares, só a volta do velho normal já é um bom alento. Conta Zé que em 2015 a Assembleia Legidslativa da Bahia aprovou a Lei da Zabumba, que obrigava as prefeituras a aplicar 65% da verba do São João no forró pé de serra, para tirar da concorrência pagodes e afins. A lei é daquelas aprovadas e engavetadas. ‘Mas o forró é mais forte’, diz.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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