Publicado em 18/07/2022 às 11h23.

Advogado critica Carnaval na Boca do Rio e cita ‘interesse escuso’ em novo circuito

‘Em qualquer assunto polêmico como esse, o povo há de ser consultado’, afirmou Otto Pipolo, que defende plebiscito para discutir a mudança de circuito do Carnaval

Adriano Villela / Jamile Amine
Foto: Adriano Villela / bahia.ba
Foto: Adriano Villela / bahia.ba

 

Em meio às controvérsias em torno da realização do Carnaval no bairro da Boca do Rio, em Salvador, o advogado e escritor baiano Otto Pipolo criticou a mudança do circuito e apontou “interesse escuso” na proposta.

“Conversei com outros conselheiros [da Associação dos Blocos de Salvador] e a grande maioria – não a unanimidade-, acha que há algum interesse escuso nessa escolha urgente, em cima da hora, desse circuito”, declarou Pipolo, na manhã desta segunda-feira (18), em Salvador, no lançamento de concurso que oferece 20 bolsas para estudantes, bacharéis em Direito e advogados da Bahia.

Segundo o autor do livro “Sistema Jurídico Aplicado ao Carnaval e às Demais Manifestações Culturais”, as associações e entidades ligadas ao setor econômico têm defendido seus interesses, sem consultar o segmento “mais importante da festa”: a população baiana, em especial a de Salvador.

“Em qualquer assunto polêmico como esse, o povo há de ser consultado. Pelo amor de Deus, vamos pra uma área que já foi rejeitada no passado”, defendeu o escritor, citando plebiscito realizado em 1991. “O povo da Bahia não aceitou fazer no Aeroclube. E o evento que tinha lá, que era o Farol Folia, ele só teve um ano, porque para que haja sucesso em qualquer área do Carnaval da Bahia, tem que ter vocação popular”, argumentou o advogado, segundo o qual a Barra se consolidou ao longo dos anos como circuito por conta da vocação popular.

“Esse assunto é grave, quem está acompanhando pela imprensa está vendo a polêmica. Tem área desapropriada em Salvador já pra esse Carnaval, isso é um absurdo!”, alertou Otto Pipolo, que propõe a realização de novo plebiscito para decidir o tema e aponta diversos entraves para a mudança do circuito para a região da Boca do Rio.

“Toda vez que o município ou o estado convive com um problema grave como esse, tem que consultar o povo. Você quer o Carnaval lá? Eu votaria contra, porque não tem sistema de transporte, não tem sombreamento, ali é uma área de afogamento, de muita marginalização. Sem querer nominar lugares, mas é uma área de extremo perigo, que a Polícia Militar não tem sequer um plano de ação ainda para aquela área”, concluiu.

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