Mariana Csekö: a líder que faz do Networking Bahia uma comunidade de empreendedorismo local
Gestora defende a importância das redes de relações entre empresários como pilar de negócios bem sucedidos
Luiza Gonçalves sob orientação de Hilza Cordeiro
O cenário do empreendedorismo no Brasil tem se tornado cada vez mais potente e tende a se manter crescente neste ano. Em 2021, o país ocupou o 5º lugar no ranking global de empreendedores, segundo o monitoramento da Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Sabe-se que empreender sozinho não é fácil e uma das alternativas tem sido a criação de comunidades como o grupo Networking Bahia, liderado por Mariana Cseko, e que já reúne mais de 80 empresários.
Empreendedora baiana, Mariana trabalha desde 2012 no ramo de mercado digital e gestão. Apaixonada por negócios, se denomina “Worklover” e dirige suas atividades para o atendimento de clientes e empresas. A busca por novas experiências fez com que trilhasse o caminho do empreendedorismo, sendo hoje a gestora da Empresa Sell Varejo, fundada em 2018, onde atua no desenvolvimento de marketing estratégico, gestão administrativa e pós venda.
Em 2016, a executiva percebeu como o compartilhamento de contatos e serviços de uma maneira mais estruturada poderia alavancar negócios de amigos e conhecidos, fundando o Networking Ba. Passados 5 anos de atuação, a empresa conta com associados dos mais diferentes segmentos e enfatiza o networking como um dos pilares da gestão de um negócio.
Em 2022, já se somam mais de 9 milhões de empresas no país, porém Mariana encara o cenário de maneira positiva: “concorrentes são apenas pessoas desunidas”. Nesse sentido, promover encontros, incentivar o empreendedorismo feminino, parcerias e uma rede de consumo têm sido seus objetivos principais na gestão do Networking Ba, trazendo novos recursos comunicacionais para as empresas e fortificando as redes de relações nos negócios.
Como surgiu a ideia de criar o Networking BA?
O Networking Bahia surgiu da ideia de fazer um grupo onde as pessoas se comunicassem e pedissem informações umas das outras. Quando eu fiz a transição de empresária para ser executiva de contas num instituto de fomento, um amigo que trabalhava comigo me via passando telefone de várias pessoas umas para as outras e aí ele me sugeriu “Mari, porque você não faz um grupo de whatsapp?”. No início eu fiquei um pouco resistente, achei que aqui em Salvador não ia dar muito certo, mas acabei criando um grupo, inicialmente com 30 pessoas e era um grupo para fomento de negócios, onde as pessoas que estavam ali passavam contato uma para as outras, marcavam de se encontrar, divulgavam seus negócios. Começou assim lá em 2016.
Quais as principais atividades desempenhadas no grupo atualmente?
Hoje o grupo não se resume só a um grupo de Whatsapp, ele é uma empresa que fomenta vários negócios de vários segmentos. Não tem problema algum de ter profissionais de várias áreas porque eu sempre coloco a questão de que quanto mais se tem, mais se muda o hábito das pessoas. Para mim concorrentes são apenas pessoas desunidas. O grupo hoje incentiva negócios através de encontros, indicações e o principal propósito é que os associados se consumam, que exista uma rede de consumo entre os associados.
Como é a dinâmica para conciliar tantos negócios diferentes de maneira que seja vantajoso para todos os participantes?
A dinâmica funciona através de apresentações no grupo, aproximadamente de três em três meses, onde todos se apresentam ou re-apresentam e divulgam negócios novos que estejam investindo e apostando. Em relação a prestação de serviços, no grupo só pode haver indicação primeiro de quem está na comunidade. Não tendo o serviço, aí abrimos para indicações de fora.
Fora isso, temos encontros de 3 a 4 meses, happy hours de 15 em 15 dias ou semanais, depende do mês e essas interligações. Eu e Vinicius, que é membro do comercial do Networking, ficamos como finders, que é a pessoa que cuida da captação de clientes e indica essas empresas que estão ali associadas para fazer negócio, não só para pessoas de dentro, mas com pessoas que estão buscando a comunidade para parcerias. Então essa carteira de associados e parceiros fica com a gente. Somos o comercial deles full time, a qualquer lugar que a gente vá, sempre estamos falando das empresas do grupo, promovendo e indicando.
Você já tinha uma carreira como gestora de outros negócios antes do Networking Bahia, então gostaria de saber o que você utilizou dessa experiência pessoal para gerir esse novo negócio.
Minha carreira foi num comércio familiar, em um bairro populoso aqui de Salvador onde eu fazia gestão de supermercado. Depois, criei um mercado de internet, que teve uma visibilidade muito grande na cidade. Em 2012 não se falava nessa nova demanda, que hoje é tão atual, fui até tida como visionária na época. Então a experiência foi mesmo essa de chão, de atender o cliente, de vender diversos produtos, entender qual a necessidade atual do cliente, fazer análise de estudo mercadológico para ver como eu poderia criar uma necessidade ou tornar uma demanda que era corriqueira numa praticidade da vida dele. Depois disso eu fui executiva de contas, me especializei em e-commerce e franchising. Então eu sempre estive envolvida em negócios múltiplos, observando e escutando muito as dores e os desejos das pessoas quem vem até a mim para montar novos negócios e eu acho que isso me ajudou muito para que hoje eu consiga entender tantos segmentos e fazer essa união com propostas de consumo e parcerias.
E quais foram os principais desafios?
Os desafios nunca acabam. Acredito que é o que move a gente a estar sempre melhor, buscando uma proposta nova, trazendo um negócio inovador. Ainda há muita dificuldade para as pessoas de fato entenderem que é o Networking, que é algo permanente e constante, ele não é pontual para a necessidade de divulgar seu negócio naquele momento, Não, ele tem que ser colocado na sua agenda de trabalho, como um roteiro a se fazer, semanal. A gente passou agora por uma pandemia, nunca imaginada e vimos que o que salvou muitos negócios foi o networking, foram as relações. Então o desafio maior é esse, é fazer as pessoas entenderem que o networking não é algo pontual, ele tem que ser algo permanente e constante nos negócios.
Fale um pouco da relação da Networking no fomento do empreendedorismo feminino.
Eu sempre me coloquei no lugar de competência e acho que dificuldade temos em vários setores, o preconceito a gente sempre vai ter, mas quando somos competentes, quando a gente sabe o que faz e faz com propriedade, estudamos para buscar sempre fazer o melhor, se destacar, se esforça e é mais difícil que as pessoas lhe atrapalhem.
Quando eu comecei o Networking eu fazia tudo mais voltado para mulheres e chamando mulheres para ter essa força, senti muita dificuldade de ver essa união e de ver essa força de impulsionar, então abri o Networking para todos os tipos de segmento e gênero, realmente não tenho bandeiras. Com o tempo percebi que de fato a mulherada acordou, viu a força que tinha, entendeu que unida ia mais longe, que a gente consegue de fato mudar a economia, a força está com as mulheres. Então eu retomei esse caminho de criar encontros só para mulheres para criar um ecossistema feminino e uma economia seja movida por mulheres, em que a gente dite as regras dos negócios.
Quais as metas futuras do Networking BA?
A meta do Networking Bahia é ir para outros municípios, outras cidades. Eu tenho muita vontade de criar um núcleo no Networking BA em Feira de Santana, Alagoinhas, Amargosa, Santo Antônio de Jesus, Barreiras, Luís Eduardo Magalhães. Quero me unir, principalmente com essas mulheres empreendedoras dessas cidades, para que a gente possa fazer essa rede de consumo entre mulheres de vários municípios. Hoje minha meta é essa e espero em 2023 concluir esse projeto.
Foto – Elaine Quirino / Reprodução: Instagram Mariana Cseko
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