Lessa contesta licitação do lixo em ano eleitoral; Carballal rebate

Os vereadores de Salvador, Henrique Carballal (PV) e Arnando Lessa (PT), participaram de um debate acalorado entre situação e oposição, nesta terça-feira (17), durante o programa Uziel Tá na Área, com Evilásio Júnior, na Rádio Vida FM 106,1.

A temperatura da discussão não demorou muito para subir. Atrasado, Lessa culpou o trânsito de Salvador que, segundo ele, foi uma das promessas não cumpridas do prefeito ACM Neto na campanha. “Estou sendo vítima das promessas do prefeito. Estava no engarrafamento na cidade, de Itapuã até aqui [Garcia]. O prefeito prometeu sinaleiras inteligentes, acabar com o engarrafamento, mas Salvador é a mais engarrafada do Brasil”, disse.

Carballal questionou o porquê de o vereador não ligar para o superintendente da Transalvador, Fabrizzio Muller, e relatar os problemas. “Você é vereador e tem que fiscalizar também. A cidade tem muita quantidade de obra. As obras do Rio Vermelho não foram como as da Barra. As obras da Barra não impactaram no trânsito. Já as do Rio Vermelho continuam em obra, o que naturalmente causa congestionamento naquele entorno. Não tenho dúvida de que, se governo trabalhasse com a prefeitura, ajudaria. Não trabalhar da forma da conspiração, atrapalhando”, atacou. “As obras estruturantes estão sendo feitas pelo governo do Estado”, rebateu o petista.

Eleição – A conversa passou para as eleições em outubro. Pelo lado da situação, a dúvida ficou em torno do nome que pode ser vice na chapa de Neto à reeleição. Já o desafio da oposição é mais complicado: ainda não há um consenso de quem pode representar o PT no pleito. “O PT está próximo de Isidório”, brincou o verde, ao se referir ao nome do pré-candidato do PDT à disputa, o deputado Pastor Sargento Isidório.

Já Lessa aposta na senadora Lídice da Mata (PSB), ex-prefeita da cidade, mas também defende um nome próprio na sigla: o deputado federal licenciado Nelson Pelegrino, que já prometeu resistir à tentação eleitoral. “Ele conhece a cidade. É o melhor que pontua [entre os petistas] para a disputa. Mas tem a resistência dele [em aceitar] (…). Eu acho que o PT poderá lançar um nome do partido. O PT é o maior e bem estruturado partido do Brasil. Mas também para prefeito de Salvador terá um enfrentamento extremamente forte se Lídice for candidata. Uma mulher respeitada, honesta, íntegra e séria”, apostou. “Foi uma gestão que ficou chorando: ‘ACM me persegue’”, disse Carballal, sobre a época em que a socialista era gestora da capital baiana e Antônio Carlos Magalhães governador, que, segundo ela, dificultava os repasses para o Município. “Você é carlista”, acusou Lessa.

“Não sou carlista. Não acho que Neto é carlista. Ele governa de forma moderna. Ele independe da sua família. Não duvido de que ele pode chegar à Presidência da República”, apostou o edil governista.

Pelegrino – Amigo do candidato derrotado em 2012 pelo atual prefeito, o secretário de Turismo da Bahia, Nelson Pelegrino (PT), Carballal disse que isso não impediria – caso o petista fosse novamente para o pleito – de se colocar em um lado oposto. “Tenho amigos na minha vida. Divirjo com Lessa, mas estamos rindo. Ao longo da minha vida, busco construir amizades. Sou torcedor do Bahia, mas grandes amigos são torcedores do Vitória. O ex-governador Wagner é meu amigo. Continua sendo meu amigo. Homem que respeito. Homem importante. Pelegrino eu conheço desde que era menino. Sou amigo da esposa de Pelegrino. Isso não impede que tenha divergências e me coloque no campo oposto”, justificou.

Rosemma Maluf – Lessa acusou a chefe da Secretaria Municipal da Ordem Pública (Semop), Rosemma Maluf, de usar a máquina pública para apoiar a reeleição do vereador Tiago Correia (PDSB).

“Ela está fazendo uma campanha muito forte com a máquina da Semop. Eu nunca fui à Semop. Rosemma foi uma invenção. Neto fala de arranjo politico, Rosemma foi um arranjo. [O deputado federal] Jutahy [Magalhães] (PSDB) foi quem indicou, através de articulação com outras alianças politicas. Ela chegou de paraquedas. Ela veio para a Semop e ficou focada nos ambulantes. O que resolveu? Os ambulantes estão acampados desordenadamente de forma agressiva. Ela nunca teve apoio dos vereadores. Ficávamos até pensando em que momento íamos identificar o fracasso que é a gestão. Agora ela está focada na licitação do lixo. São R$ 7,2 bilhões. Um milhão por dia. Concessão que está sendo acompanhada pelo MP. A Câmara vai chamar para si esse debate. Não é possível que se faça uma concessão e entrega a uma empresa na calada da noite e a Câmara não saiba”, ponderou.

“O Ministério Público está promovendo os debates. Está acompanhando. A insinuação sua por causa de ser ano de eleição, não é algo interessante. Pois essa licitação, essa concessão, precisa acontecer, porque em junho termina o contrato. A licitação é algo importante”, discordou Carballal.

Prefeituras-bairro – Outro ponto de embate entres os edis é a atuação das prefeituras-bairro. “Faça uma pesquisa com o pessoal de Cajazeiras. Não funciona”, disparou Lessa. “Absurdos porque funcionam. Tem problema no lixo? Vai na prefeitura-bairro. Eu entendo você, como oposição, estar falando isso. É eficientíssimo. Estou aqui para defender a boa gestão”, contrapôs Carballal.

Neopetista, Arnando Lessa ingressou há seis anos na sigla trabalhista, vindo do PSDB. Henrique Carballal militou sempre no PT e, com divergências internas, migrou pouco depois da eleição de 2014 para o PV.