Propina pagou viagem da esposa de Collor, diz delator
O esquema envolvia, além da mulher, assessores do Senado, colaboradores e empresas de fechada; PGR pede devolução de R$ 154,7 milhões
Propina do esquema de corrupção da Petrobras teria sido usada para pagar viagem à Europa de Caroline Collor de Mello, atual esposa do senador Fernando Collor (PTC-AL). A informação foi divulgada pelos investigadores da Lava Jato, que tomaram como base a delação premiada do doleiro Leonardo Meirelles, ex-sócio do doleiro Alberto Youssef, e compõe a acusação contra o casal no Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro.
Segundo a denúncia, a viagem ocorreu em julho de 2013, quando Caroline teria recebido US$ 20 mil em espécie. Registros migratórios obtidos pelos investigadores confirmam que ela viajou para a Europa em julho de 2013, “para onde levou o dinheiro”, diz o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ainda de acordo com a investigação, Meirelles também custeou despesas internacionais de Collor que somam € 81.230 (R$ 243,6 mil à época).
O esquema vinculado ao senador envolvia, além da mulher, assessores do Senado, colaboradores, empresas em atividade e outras, suspeitas de serem de fachada. E, de acordo com as delações de Nestor Cerveró, já passa de R$ 30,9 milhões. O Procurador da República, Rodrigo Janot pede que o STF determine a Collor ressarcimento aos cofres públicos de R$ 154,7 milhões.
Procurada, a assessoria de Collor informou que o “senador não conhece Leonardo Mereilles”. “Nem ele nem sua mulher jamais receberam do referido senhor quaisquer valores para gastos no Brasil ou no exterior”, afirma a assessoria.
Victoria’s Secret e Louis Vuitton– Conforme a reportagem da Folha, que obteve acesso à denúncia, que tramita em sigilo no STF, Meirelles entregou ainda aos procuradores extratos de cartões de crédito que comprovariam que a mulher do ex-ministro Pedro Paulo Leoni Ramos, apontado como operador de Collor, também teve despesas internacionais pagas com recursos desviados pelo esquema na estatal.
A pedido de Youssef, dois cartões pré-pagos internacionais foram carregados com US$ 30 mil cada. O delator informou que “obteve os extratos das despesas com os cartões e verificou gastos no exterior em lojas de artigos femininos, como Victoria’s Secret e Louis Vuitton”. Os registros de viagens da mulher de Pedro Paulo, Luciana, confirmam viagem a Miami (EUA), também em julho de 2013, mesmo período dos gastos do cartão. A Procuradoria apontou ainda que a empresa de comunicação do senador repassou para Caroline, em 45 operações, R$ 622,5 mil, além de R$ 144,6 mil em empréstimos fictícios para justificar aquisição de bens de luxo, em especial veículos e imóveis.
Em um complemento da acusação, a Procuradoria fez um ajuste na denúncia oferecida contra o senador ao STF para atualizar o total de propina recebida por Collor por desvios no esquema. A partir de novas delações, como do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, o montante passou de R$ 26 milhões para R$ 30,9 milhões.
A assessoria de Leoni Ramos informou que ele “não se manifestará sobre fatos que desconhece e continuará prestando esclarecimentos”.
Com informações da Folha de São Paulo.
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