Publicado em 01/03/2023 às 07h02.

Deputado acusa vereador de Caxias do Sul por declarações xenofóbicas contra baianos

Sandro Fantinel pediu que empresas 'não contratem mais aquela gente lá de cima', em referência aos egressos da Bahia

Redação
Foto: Divulgação/Assembleia Legislativa RS

 

O deputado estadual Leonel Radde (PT/RS) registrou um Boletim de Ocorrência contra o vereador Sandro Fantinel, Patriota, Caxias do Sul, na Serra do RS, que fez um comentário xenofóbico ao usar a tribuna nesta terça-feira (28) e questionar a repercussão do caso de trabalhadores resgatados em situação de escravidão nas vinícolas da cidade vizinha de Bento Gonçalves. Em seu discurso, o parlamentar pede que os produtores da região “não contratem mais aquela gente lá de cima”, se referindo a trabalhadores vindos da Bahia. A maioria dos trabalhadores contratados para a colheita da uva veio do estado. Fantinel sugere que se dê preferência a empregados vindos da Argentina, que, segundo ele, seriam “limpos, trabalhadores e corretos”.

Ao g1, o vereador afirmou que só falou da Bahia “porque é a Bahia que tá envolvida no processo de Bento Gonçalves, se fosse Santa Catarina, eu teria falado Santa Catarina”. Ele acrescentou que se arrepende de ter dito que “a única cultura que os baianos têm é viver na praia tocando tambor”.

Mais de 200 pessoas foram resgatadas de um alojamento em Bento Gonçalves onde eram submetidas a trabalho análogo à escravidão durante a colheita da uva para as vinícolas.

Os trabalhadores foram contratados pela Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde Ltda, que oferecia a mão de obra para as vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi, Salton e produtores rurais da região. Eles afirmam que eram extorquidos, ameaçados, agredidos e torturados com choques elétricos e spray de pimenta.

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), dos 207 empregados resgatados do alojamento em Bento Gonçalves, 194 voltaram para a Bahia, quatro ficaram no RS e nove eram gaúchos de Rio Grande, Montenegro, Marau e Carazinho, que voltaram para suas cidades. Os que retornaram à solos baianos estão tendo todo apoio do governo estadual, municipal e Defensoria Pública, de forma que possam se restabelecerem na reconquista dos direitos violados, sejam emocionais ou financeiros.

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