2 de Julho: ‘Lord Cochrane’, o almirante escocês convocado por D. Pedro para comandar a Marinha
Expulso da Marinha Britânica e acusado de fraude na Bolsa de Londres, Cochrane foi herói no Brasil, homenageado com nome de praça importante na Avenida Garibaldi

“Lobo do Mar” e “El Diablo” são os apelidos atribuídos a Thomas Cochrane, reconhecido no Brasil como Lord Cochrane pela atuação nas batalhas marítimas pela Independência do país, na Bahia. De acordo com o historiador Ricardo Carvalho, a segunda alcunha foi recebida de Napoleão Bonaparte ao participar como oponente das guerras promovidas pelo imperador francês entre 1803 e 1815. Com uma atuação implacável, se transformou numa espécie de celebridade militar no século XIX.
O professor e historiador ressalta que “entre os personagens militares da Independência da Bahia, Lord Cochrane talvez seja o mais cosmopolita. Era escocês de nascimento, atuou na marinha britânica, foi político. Viveu de forma bastante intensa o seu período histórico”.
“Era um excepcional estrategista e um almirante de grande competência”, afirma o professor Ricardo Carvalho que destaca que o “mercenário” Lord Cochrane entrou para os anais como um militar de vitórias espetaculares no mar, tendo atuado, também, defendendo as bandeiras do Chile, Peru e Grécia.
No Brasil, o escocês Lord Cochrane assumiu a patente de primeiro-almirante a convite de D. Pedro I, em março de 1823. O historiador recorda que, inicialmente, o militar “foi contratado para organizar a frota brasileira na luta contra os portugueses aqui na Baía de Todos os Santos”.
Ele teria tomado o posto imediatamente no comando-em-chefe da Esquadra e além de liderar lutas no processo que culminou com a Independência na Bahia, em 2 de julho de 1823, também atuou no estado maranhense, onde recebeu do próprio D. Pedro I o título de Marquês do Maranhão.
Ele prestou serviços ao Império do Brasil até 1825 e também se destacou no combate à Confederação do Equador em Pernambuco, sendo uma das figuras representativas da tentativa de unificação do território brasileiro após a Independência.
Ricardo Carvalho afirma que, na história da Independência na Bahia, Cochrane está entre as duas figuras mais importantes que atuaram nos combates pelas águas. Para ele, o escocês e João da Botas “um português que acabou aderindo a causa da independência e organizou também uma flotinha com pequenos navios, pequenas embarcações, canhões em cima de saveiros”, representam “os dois grandes personagens do mar”.
Dois anos depois de deixar o Brasil, Lord Cochrane batalhou na Guerra de independência da Grécia, enfrentando os navios do Império Otomano.
Mas antes de viajar pelo mundo como um “mercenário”, atuando por outras nações em troca de notoriedade e dinheiro, chegando a ostentar uma fama não comprovada de “vilão”, como um corsário, pirata, um ladrão dos mares, Thomas Cochrane teria experimentado uma carreira política controversa no Império Britânico.
Respeitado pelas conquistas, o militar foi deputado pela Câmara dos Comuns, eleito pela primeira vez em 1806, reeleito em 1807 e seria eleito novamente em 1814, após ter sido condenado pelo caso da Bolsa de Valores de Londres. Nos tempos de hoje ele seria acusado por divulgar fake news. Na época, foi incriminado de inventar uma mentira a morte de Napoleão Bonaparte, para especular na bolsa londrina.
A verdade sobre o fato de o imperador francês ainda estar vivo só veio à tona 30 dias após o “anúncio” de sua morte, depois de um verdadeiro alvoroço promovido na economia inglesa.
Investigações teriam apontado que Cochrane fazia parte de uma lista de oito investidores que lucraram com a venda de títulos durante o mês em que a mentira perdurou. Todos foram condenados. Thomas recebeu a pena do flagelo por chicoteamento em praça pública, prisão por um ano e pagamento de multa no valor de 1.000 libras. Ele também foi cassado do Parlamento, expulso da Marinha, perdeu os títulos de nobreza, mas recuperou tudo em 1831, quando o então rei William IV o perdoou.
Entre a condenação e o perdão, viajou pelo mundo como militar “mercenário” e ajudou a escrever parte da história da Independência do Brasil, sendo até hoje celebrado nas comemorações do Dois de Julho, tendo o nome escrito na lateral do carro que anualmente conduz o Caboclo e a Cabocla no desfile pelas ruas do centro de Salvador. Em Salvador, também é homenageado dando nome a uma praça importante, localizada na avenida Garibaldi, região central da capital baiana.
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