Publicado em 19/12/2023 às 17h28.

Bancos ganham com migração de fortunas da América Latina para Miami

Itaú e Bradesco têm faturado com a migração de grandes correntistas para o exterior

Redação
Foto: reprodução/ site do FGV Ibre

Os investidores mais ricos da América Latina estão migrando suas fortunas para Miami em um ritmo acelerado, de forma a escapar de turbulências regionais e buscar rendimentos superiores aos de seus países de origem. A migração tem sido bastante lucrativa para os bancos Bradesco e Itaú.

O valor das fortunas sob gestão de clientes mexicanos em Miami aumentou cerca de 10% este ano no JPMorgan, com crescimento semelhantes de ativos provenientes da Argentina, Chile, Peru e vários outros países latino-americanos, de acordo com o banco.

“É incrível o quanto crescemos aqui em Miami”, disse Marice Brown, chefe de private banking para o México do banco com sede em Nova York, em entrevista. “Antes era muito difícil trazer talentos para Miami, e agora, depois da pandemia, é o contrário”, disse ela, acrescentando que este ano o banco recrutou pessoas novas suficientes para aumentar em 10% a sua força de trabalho dedicada aos mexicanos, para cerca de 120 funcionários.

O JPMorgan tem cerca de US$ 180 bilhões em fortunas sob gestão de clientes da América Latina em Miami, Houston, Nova York e Genebra. Com o crescimento no total de ativos, o banco de Wall Street planeja expandir seu negócio de private banking servindo a América Latina para outro andar no edifício na avenida Brickell número 1450, em Miami.

Os maiores bancos do Brasil estão participando do boom. O Bradesco aumentou o número de funcionários na área de Miami de 190 para 230, após adquirir um banco em Coral Gables em 2019. O total de fortunas sob custódia dobrou para US$ 4 bilhões desde então.

Já o Itaú viu o total de fortunas sob gestão subir cerca de 10% em Miami neste ano, para US$ 24 bilhões. O banco abriu mais de 1.000 contas em Miami em 2023, bem acima da média histórica. Também contratou Fernando Marques do Pictet em Zurique e o transferiu para Miami para se tornar chefe comercial de private banking na cidade.

Com as taxas de juros ainda altas nos EUA e com a perspectiva de que o Fed possa em breve começar a reduzi-las, muitos investidores estão buscando títulos corporativos em dólar ou títulos do Tesouro americano, disse Brown, do JPMorgan. O crédito privado também está atraindo atenção.

A equipe do JPMorgan em Miami dedicada a clientes da Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai, Peru, Equador e Bolívia cresceu cerca de 10% este ano, para 70 pessoas, segundo Ezequiel Lazcano, chefe da América Latina Sul no private banking do JPMorgan. O banco se concentra em clientes latino-americanos com cerca de US$ 10 milhões ou mais para investir.

“Vimos uma realocação geográfica significativa do portfólio para Miami relacionada ao fato de que nossos clientes encontraram oportunidades mais atraentes para multiplicar sua riqueza nos EUA do que em alguns de seus países”, disse Lazcano.

“O movimento dos brasileiros é mais lento, devido às altas taxas de juros locais e às condições políticas estáveis, mas quando comparado com as saídas históricas vemos que eles também estão aumentando a fatia de investimentos offshore em suas carteiras”, disse Gribel.

 

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