Publicado em 18/01/2024 às 07h53.

Medida do governo Lula cria novo atrito com bancada evangélica

Receita suspendeu isenção a pastores editada por Bolsonaro antes da eleição de 2022

Redação
Foto: Ricardo Stuckert

 

Líderes da bancada evangélica no Congresso Nacional afirmaram nesta quarta-feira (17) terem visto como ataque político do governo Lula (PT) a suspensão de ato da Receita Federal editado pela gestão de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, um mês antes do início da campanha eleitoral. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

O ADI (Ato Declaratório Interpretativo) nº 1, de 29 de julho de 2022, ampliou o alcance da isenção tributárias a pastores —forte núcleo de apoio a Bolsonaro, então candidato à reeleição— e estava sob investigação do TCU (Tribunal de Contas da União) desde 2022 e reanálise da Receita a partir do ano passado.

“É lamentável. Para um governo que diz reconhecer a importância das religiões e a necessidade de aproximação do segmento, fazer um movimento desses é incompreensível”, disse o coordenador da bancada evangélica, o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM).

Lula e o PT têm uma reconhecida dificuldade de penetração no meio evangélico —a última pesquisa Datafolha mostrou que seu governo é reprovado por 38% desse segmento, contra 30% da média nacional— e afirmam tentar estabelecer pontes.

O partido aposta na retomada de programas sociais para driblar a força do bolsonarismo no segmento, quer que o próprio Lula faça gestos às igrejas e defende que, para alcançar os evangélicos, o discurso político tem que ser muito mais amplo do que tradicionais campanhas de comunicação. Dirigentes petistas também pregam a necessidade de haver intermediação fora dos templos.

Reportagem da Folha do início de janeiro mostrou que, embora a rejeição não tenha passado, há sinais de abrandamento na relação após um ano de gestão do petista.

“É um ato político do governo da esquerda, que quer voltar à velha prática da chantagem”, disse o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que é do partido de Bolsonaro e um dos principais críticos do governo Lula no Congresso.

“O ato [da Receita] só elucidava e explicava o óbvio. Agora nós voltaremos às velhas práticas que o governo da esquerda e o PT amam, que é a chantagem aos religiosos. Vão mandar os fiscais em cima das instituições religiosas para ficar produzindo chantagem: ‘Ou acorda e vota com a gente, ou vocês vão ficar sendo multados'”, disse Sóstenes.

 

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.