Após apreensão da Polícia Federal, Alexandre Ramagem admite que não devolveu laptop da Abin

Segundo uma reportagem do Metrópoles, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) admitiu que deveria ter devolvido os computadores apreendidos pela Polícia Federal (PF), na manhã desta quinta-feira (25). Os aparelhos eram de propriedade da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e foram encontrados em endereços ligados ao político. “O que levaram da minha residência, se houve computador que era da Abin ou telefone, foram trocados por novos. Não tem utilização há mais de três anos, sem uso. Mesmo sem uso não devolve. Poderia devolver, mas não devolvi”, declarou o deputado federal em entrevista à GloboNews.

O Metrópoles ressalta que Ramagem foi alvo da operação “Vigilância Aproximada”, um desdobramento da “Primeira Milha”, que investiga o suposto uso ilegal da plataforma FirstMile. Segundo a corporação, o software era utilizado para monitoramento ilegal de políticos, servidores públicos, jornalistas e advogados. Ainda segundo o Metrópoles, a investigação da PF aponta que o monitoramento teria acontecido entre 2018 e 2021, período que abrange a gestão de Alexandre Ramagem como ex-diretor-geral da Abin. O parlamentar também é delegado da Polícia Federal e chegou a ser indicado para chefiar o órgão durante a gestão do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), mas foi impedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

O Metrópoles acrescenta que o parlamentar ressaltou que o software espião não foi adquirido pelo governo Bolsonaro, e sim pelo ex-presidente Michel Temer (MDB). A plataforma foi desenvolvida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint). “Foi adquirido antes da gestão Bolsonaro, essa ferramenta é legal. Foi vendida a diversas instituições no Brasil, inclusive estaduais”, frisou Ramagem. O FirstMile realiza o monitoramento de celulares que utilizam as redes 2G, 3G e 4G. Com a ferramenta, é possível saber a localização do aparelho, complementa o Metrópoles.