Deputada estadual Lucinha é denunciada por integrar milícia no Rio
A ex-assessora Ariane também foi denunciada

A deputada estadual Lucia Helena Pinto de Barros (PSD), a Lucinha, e sua ex-assessora parlamentar, Ariane Afonso Lima, foram denunciadas, nessa segunda-feira (17), pelo procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, por integrarem a milícia conhecida como “Bonde do Zinho”, “Tropa do Z” ou “Família Braga”, chefiada por Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho.
De acordo com as investigações, Lucinha e a assessora faziam parte do núcleo político da organização criminosa. Zinho se entregou à Polícia Federal em 24 de dezembro do ano passado. A denúncia foi entregue ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça (TJRJ) e relata que, com base nas informações coletadas durante a Operação Dinastia I, a milícia era composta por um núcleo operacional, formada por três subgrupos: as lideranças principais, as lideranças locais, com atuação específica nas áreas de domínio do grupo, e os assessores, também conhecidos como soldados ou informantes, ligados à liderança principal e responsáveis pelo contato com integrantes das forças de segurança, execução do patrulhamento e segurança, entre outras funções.
Em outro trecho, a denúncia diz que “com o avanço das investigações e no curso do inquérito policial que originou a Operação Dinastia II, identificou-se a existência de outros dois núcleos, o núcleo financeiro, destinado à lavagem de capitais obtidos com as práticas criminosas, e o núcleo político, integrado por Lucinha e Ariane e cuja função era a defesa dos interesses dos criminosos junto ao Poder Público”.
“Em múltiplos episódios, constata-se a clara interferência das denunciadas na esfera política, junto a autoridades policiais e políticas, ora para favorecer os interesses da organização criminosa, ora para blindá-la das iniciativas estatais de combate ao grupo e ora para livrá-los de ações policiais, garantindo a impunidade dos seus integrantes”, relata ainda a denúncia.
Entre os episódios em que as denunciadas interferiram politicamente em favor dos criminosos, o documento descreve que, em julho de 2021, Lucinha e Ariane forneceram ao grupo informações privilegiadas relacionadas à agenda de visitas do prefeito do Rio, Eduardo Paes, à zona oeste, permitindo que os milicianos retirassem seus integrantes das ruas das localidades dominadas pela organização criminosa.
Houve, também, tentativa de interferência junto ao prefeito e demais autoridades municipais para que fosse mantida a chamada “Brecha da P5” no transporte público alternativo municipal, maior fonte de obtenção direta de recursos da milícia. Desta forma, o grupo poderia explorar o serviço fora do itinerário determinado, aumentando a arrecadação das vans.
Além disso, as denunciadas receberam do grupo criminoso informações privilegiadas sobre a prática de crimes cujas investigações se encontravam em curso para, em última instância, interferir no curso destas e determinar a linha investigativa a ser seguida pelos investigadores. A denúncia também aponta que, em novembro de 2021, a deputada prestou auxílio a membros do “Bonde do Zinho” presos em flagrante, para liberá-los da captura.
No mesmo período, ainda segundo a ação penal, a deputada tentou interferir junto ao Comando da Polícia Militar e ao alto escalão político da Assembleia Legislativa (Alerj) para remover dos cargos os comandantes da 8ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar e do 27º Batalhão de Polícia Militar, em razão do combate dos agentes à organização criminosa.
As investigações também demonstraram que, entre junho de 2021 e março de 2022, as denunciadas mantiveram encontros frequentes com as principais lideranças do grupo miliciano, entre eles, Zinho, em média duas vezes por mês, para estabelecer as linhas da interferência que seriam exercidas junto à Alerj. Além disso, a denúncia também relata que Lucinha nomeou como assessores em seu gabinete, entre 2021 e 2023, integrantes e parentes de integrantes da organização criminosa.
As acusadas vão responder pelo artigo 288-A do Código Penal, na forma da Lei 12.850/12, que trata do crime de constituição de milícia privada e cuja pena pode variar de 5 a 10 anos de prisão e multa, além da perda da função pública.
Procurada pela reportagem da Agência Brasil, a parlamentar não foi encontrada até o fechamento da matéria.
Mais notícias
-
Política
21h55 de 10/07/2025
Lula chama tarifa de Trump de inadmissível, acena com retaliação e diz que Brasil acionará OMC
Presidente ainda afirmou que se reunirá com empresários exportadores para discutir os impactos da medida
-
Política
21h40 de 10/07/2025
Nelson Pelegrino é eleito vice-presidente do TCM-BA e ganha força para comandar a Corte no futuro
Ele assume o posto deixado pelo conselheiro Mário Negromonte, que renunciou ao cargo na semana passada
-
Política
20h40 de 10/07/2025
Deputados bolsonaristas aprovam homenagem a Trump horas antes de tarifaço contra o Brasil
Apenas cinco deputados votaram contra a moção
-
Política
19h56 de 10/07/2025
Trump aumentará ainda mais as tarifas se o Congresso não aprovar anistia, garante Flávio
"O primeiro passo que a gente tem que discutir é sim uma anistia ampla, geral e irrestrita", disse filho do ex-presidente Jair Bolsonaro
-
Política
19h00 de 10/07/2025
Clã Bolsonaro continua trabalhando contra o interesse do Brasil e do povo brasileiro, diz Alckmin
Alckmin relembrou as ações negacionistas de Bolsonaro durante a pandemia da Covid-19 no país
-
Política
18h12 de 10/07/2025
Taxação dos EUA: Alcolumbre e Motta pregam ‘diálogo diplomático e comercial’
Os presidentes afirmaram no comunicado que o Congresso Nacional acompanhará de perto os desdobramentos do caso
-
Política
18h08 de 10/07/2025
Moraes mantém prisão de militares acusados de articular golpe de Estado
Ministro do STF vê risco à ordem democrática e rejeita liberdade para investigados
-
Política
17h52 de 10/07/2025
Taxa de Trump tem jogo político e tenta interferir na política nacional, avalia especialista
Para Cláudio André, Brasil deve agir com cautela e estratégia diante da medida
-
Política
17h06 de 10/07/2025
Lula rebate tarifaço de Trump: ‘Se ele cobrar 50 de nós, vamos cobrar 50 deles’
Presidente criticou postura dos EUA, defendeu soberania brasileira e voltou a responsabilizar Bolsonaro
-
Política
14h55 de 10/07/2025
Sem citar Bolsonaro, Tebet fala sobre falso patriotismo e reforça a soberania do Brasil
A ministra iniciou a postagem com um trecho de uma fala do escritor e político, Rui Barbosa