Dólar bate R$ 5,70 na máxima, com mal-estar renovado após fala de Lula sobre câmbio
Presidente Lula disse que é preciso “fazer alguma coisa” em relação à alta do dólar ante real
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Após abrir em queda nesta terça-feira (2), o dólar à vista virou para alta com o mercado repercutindo negativamente novas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Banco Central (BC) e a promessa de que o governo discutirá medidas para o câmbio. O câmbio chegou a bater R$ 5,70 na máxima do dia, de acordo com informações do portal InfoMoney.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também falou publicamente nesta terça, em evento promovido pelo Banco Central Europeu (BCE), em Sintra, Portugal.
Cotação do dólar hoje
O dólar comercial operou em alta de 0,72%, a R$ 5,693 na compra e R$ 5,694 na venda. A moeda bateu sua máxima intradia, chegando a R$ 5,7004. Na B3, o contrato de dólar futuro para agosto operou em alta de 0,57%, a 5,708 pontos.
Na véspera o dólar à vista havia encerrado o dia cotado a R$ 5,6538 na venda, em alta de 1,13%. Este tinha sido até então o maior preço de fechamento desde 10 de janeiro de 2022, quando terminou o dia em R$ 5,6723.
Dólar comercial
Compra: R$ 5,693
Venda: R$ 5,694
Dólar turismo
Compra: R$ 5,713
Venda: R$ 5,893
O que acontece com dólar?
Após o dólar abrir em baixa, a fala de Lula passou a pesar sobre os negócios ao longo da manhã e as cotações da moeda norte-americana ganharam força. Profissionais do mercado afirmaram que a possível intervenção do governo no câmbio gerava receios.
Uma das possibilidades levantadas é a de que o governo possa mexer no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações cambiais, para segurar a escalada da moeda norte-americana.
Em Brasília, porém, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou no fim da manhã que não há possibilidade de o governo mexer no IOF. Segundo ele, a melhor maneira de conter a desvalorização do real é melhorar a comunicação sobre o arcabouço fiscal e a autonomia do BC.
Os comentários de Lula em relação ao BC nesta terça somam-se às falas do presidente nos últimos dias, que vêm sendo apontadas como um dos principais motivos para que o dólar tenha disparado ante o real e para que a curva de juros esteja em forte alta no Brasil. Em 2024, a moeda norte-americana acumula elevação próxima de 17%.
“Quem intervém no câmbio é o BC, não o ministério da Fazenda. O que o presidente Lula pode fazer no câmbio é tranquilizar o mercado, dizendo que vai cortar gastos. Quando o mercado acredita que o problema é de credibilidade, ações como alterar o IOF são momentâneas”, disse Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.
Nos últimos dias, profissionais ouvidos pela Reuters têm afirmado que a acomodação do dólar ante o real passa justamente pelo fim dos ataques recorrentes de Lula ao BC e por medidas que equilibrem as contas públicas.
Alvo de Lula em suas declarações, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou durante a manhã que a autarquia tem que ficar fora da “arena política” e argumentou que o tempo mostrará que o trabalho da autoridade monetária é técnico.
“Há um prêmio de risco na curva (de juros), e ele tem sido elevado nas últimas semanas com a incerteza sobre o que acontecerá quando a próxima liderança, o próximo time (do BC) assumir”, ressaltou Campos Neto, que deixará o comando da instituição no fim de dezembro. Ele participou de evento do Banco Central Europeu (BCE) em Sintra, Portugal.
No exterior, o dólar passou a ceder ante uma cesta de moedas fortes, com o mercado avaliando declarações do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, no mesmo evento em que Campos Neto falou. A moeda norte-americana também caía ante moedas como o peso mexicano e o peso chileno.
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