Em carta ao congresso, Biden confronta o próprio partido para manter candidatura viva
Apesar de tentar conter as especulações, carta evita abordar a saúde do presidente, principal tema que movimentou a discussão na mídia
O presidente Joe Biden turbinou a defesa de sua continuidade no pleito para as eleições, nesta segunda-feira (8) o democrata enviou uma carta aos congressistas, na tentativa de dar um basta na pressão para que Biden abandone a candidatura à Casa Branca, nas especulações sobre substituí-lo e diz que é a melhor pessoa para derrotar Donald Trump.
Segundo matéria da Folha de São Paulo, pouco depois de divulgar o texto, o presidente participou do programa “Morning Joe”, da MSNBC, em uma entrevista que não havia sido previamente anunciada pela Casa Branca, como é de praxe, um canal visto como mais à esquerda no espectro americano. Falando por telefone, ele desafiou os colegas de partido contrários à sua candidatura.
“Estou ficando tão frustrado com as elites do partido”, afirmou. “Qualquer um desses caras que acha que eu não deveria concorrer, concorra contra mim. Anuncie sua candidatura à presidência, me desafie na convenção.”
Os gestos acontecem um dia após a notícia de que cinco deputados do alto escalão do partido do presidente afirmaram que ele deveria desistir do pleito em um telefonema organizado pelo líder da minoria na Câmara, Hakeem Jeffries. A carta, apesar de tentar conter as movimentações de uma possível substituição, não aborda explicitamente o principal problema de sua campanha: sua capacidade física e cognitiva de ser candidato e presidente novamente, após a performance desastrosa do debate realizado no final de junho reforçar os temores de eleitores em relação à sua idade —81 anos.
“Tive extensas conversas com a liderança do partido, autoridades eleitas, membros da base, e, mais importante, eleitores democratas nos últimos dez dias. Ouvi as preocupações das pessoas —seus medos e inquietações de boa fé sobre o que está em jogo nesta eleição. Não sou cego a elas. Acreditem, eu sei melhor do que ninguém a responsabilidade e o peso que o indicado do nosso partido carrega. Eu carreguei isso em 2020, quando o destino da nossa nação estava em jogo”. “Também sei que essas preocupações vêm de um lugar de respeito genuíno pelo meu tempo de serviço público e pelo meu histórico como presidente”, segue Biden. “Posso responder a tudo isso dizendo clara e inequivocamente: não estaria concorrendo novamente se não acreditasse absolutamente que sou a melhor pessoa para vencer Donald Trump em 2024.” escreve o presidente no texto.
O presidente argumenta que foi escolhido como candidato pelas primárias do partido, processo no qual recebeu 14 milhões de votos, ou 87% do total e que a decisão sobre quem é o candidato da chapa cabe aos eleitores e não a “imprensa, analistas, grandes doadores, ou qualquer grupo de indivíduos seletos, não importa o quão bem-intencionados”.“Os eleitores do Partido democrata votaram. Eles me escolheram para ser o nomeado do partido. Nós dizemos agora que este processo não importou? Que os eleitores não têm participação?”, questiona. “Como podemos defender a democracia na nossa nação se a ignorarmos em nosso próprio partido?”
Biden segue o texto fazendo uma longa defesa de seus três anos e meio de governo, citando avanços na economia, em contraste com ameaças que atribui a um retorno do republicano à Casa Branca, sobretudo à democracia e ao direito ao aborto, repetindo a estratégia que sua campanha tem adotado até agora. “Qualquer enfraquecimento da determinação ou falta de clareza sobre a tarefa à frente só ajuda Trump e nos prejudica. É hora de nos unirmos, avançar como um partido unificado e derrotar Donald Trump”, conclui o presidente.
O Congresso americano, que estava em recesso nos últimos dias em razão do feriado de 4 de julho, retoma as atividades nesta segunda e, com a volta a Washington, a campanha de Biden teme novas defecções entre sua própria base.
“É hora de encerrar isso”, “Nós temos um trabalho. Ele é derrotar Donald Trump.” encerrou Biden em seu texto ao Congresso.
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