Alterações climáticas levam à previsão de queda da safra de grãos da Bahia em 2024
O fenômeno El Niño afetou negativamente as condições climáticas, prejudicando algumas regiões produtoras no estado
Após a produção recorde de grãos em 2023, tanto o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como a Companhia Nacional e Abastecimento (Conab) estimam uma produção menor de grãos na Bahia, em 2024.
O fenômeno El Niño afetou negativamente as condições climáticas, prejudicando algumas regiões produtoras no estado. Destaca-se, entre os grãos, a queda em dois dos principais produtos agrícolas: soja e milho. Em sentindo contrário, apesar das dificuldades climáticas, estima-se novo recorde de produção do algodão no estado.
O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), realizado pelo IBGE, relativo ao mês de julho de 2024, com dados sistematizados e analisados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), estima uma produção de cereais, oleaginosas e leguminosas de 11,3 milhões de toneladas, o que representa um recuo de 6,9% na comparação com a safra de 2023.
As áreas plantadas e colhidas estão estimadas em 3,53 milhões de hectares (ha), a mesma em relação à safra de 2023. Assim, o rendimento médio esperado (3,21 toneladas/ha) da lavoura de grãos no estado da Bahia é 6,9% aquém da safra anterior.
O volume de soja a ser colhido pode alcançar 7,53 milhões de toneladas, o que corresponde a uma queda de 0,4% sobre o verificado em 2023. A área plantada com a oleaginosa no estado está projetada em aproximadamente 2,0 milhões de hectares.
As duas safras anuais do milho, estimadas pelo IBGE, podem alcançar 2,25 milhões de toneladas, o que também representa declínio de 27,3% na comparação anual.
Com relação à área plantada, houve queda de 15,4% em relação à estimativa da safra anterior de 698 mil ha. A primeira safra do cereal está projetada em 1,55 milhão de toneladas, 34,0% abaixo do que foi observado em 2023. Já o prognóstico para a segunda safra é de um recuo de 6,1% em relação à colheita anterior, totalizando 700 mil toneladas.
Para a lavoura do feijão, espera-se recuo de 5,2% na comparação com a safra de 2023, totalizando 226 mil toneladas. O levantamento tem estimativa de 380 mil ha plantados, 8,9% menor que a safra anterior. Estima-se que a primeira safra da leguminosa (137,1 mil toneladas) seja 4,5% inferior à de 2023, e que a segunda safra (89,2 mil toneladas) tenha uma variação negativa de 6,4%, na mesma base de comparação.
Outro importante produto da safra baiana, o algodão (caroço e pluma), está com a produção estimada em 1,75 milhão de toneladas, o que representa aumento de 0,8% em relação ao ano passado. A área plantada com a fibra aumentou 3,0%, alcançando 375 mil ha em relação à safra de 2023.
Para a lavoura da cana-de-açúcar, o IBGE estimou produção de 5,54 milhões de toneladas, revelando aumento de 1,3% em relação à safra de 2023. A estimativa da produção do cacau, por sua vez, ficou projetada em 123 mil toneladas, apontando um avanço de 2,7% na comparação com a do ano anterior.
Estimativa 2023/2024 – Conab estima safra de 12,3 milhões de toneladas de grãos no décimo primeiro levantamento do ciclo 2023/2024. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em seu décimo primeiro levantamento, estimou uma produção de 12,3 milhões de toneladas de grãos na temporada 2023/2024 – o que representa um recuo de 8,2% em relação ao ciclo 2022/2023.
Com relação à área plantada, observa-se uma ampliação de 0,6% na mesma base de comparação, o que alcança uma área de 3,78 milhões de hectares. Dessa forma, o rendimento médio do conjunto das lavouras pesquisadas deverá ficar em torno de 3,25 toneladas/ha.
A produção de algodão está estimada em 1,63 milhão de toneladas, plantada em 346 mil ha, o que representa um crescimento de 6,8% em relação ao ciclo 2022/2023. Ainda segundo a Conab, essa expansão do cultivo deve-se aos bons resultados obtidos na safra anterior e à expectativa do aumento do mercado internacional.
Há expectativa positiva também associada à produção de feijão, cujo volume estimado em 345 mil toneladas (plantados em 424 mil hectares) representa um crescimento de 19,4% em relação ao ciclo 2022/2023.
A soja, segundo a Conab, deve apresentar um ciclo de baixa, apesar da maior área plantada, com aumento de 3,1% em relação à temporada passada, alcançando um total de quase dois milhões de ha. A produção deve recuar em 3,1%, para 7,48 milhões de toneladas na atual temporada, em comparação com o ciclo anterior. Com isso, a produtividade estimada é de 3,78 toneladas/ha, a maior do país, representando uma queda de 6,0%.
Com relação à safra de milho, a expectativa é de que a safra atual seja bem menor que a anterior, totalizando 2,86 milhões de toneladas. As principais contribuições proveem da primeira (1,60 milhões de toneladas) e da terceira (1,15 milhões de toneladas) safra do cereal.
Em seu conjunto, a produção de milho, no estado, apresenta previsão de queda de 27,3% em relação ao período anterior. De acordo análise da Conab, a produtividade obtida está abaixo das estimativas iniciais, e os grãos apresentam tamanho reduzido em virtude das condições climáticas adversas durante o desenvolvimento da planta.
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