Amazon aposta em conteúdo criado por jogadores para emplacar hit nos games
"Um momento desafiador no setor, mas é algo totalmente novo para provar", diz diretor da Glowmade
Há dez anos em busca de um hit nos videogames, a divisão de jogos da Amazon (AMZN) divulgou nesta terça-feira (20), durante a Gamescom, um dos principais eventos do setor, um projeto menor, mas tão ambicioso quanto os anteriores, segundo informações do jornal Folha de S.Paulo.
“King of Meat”, desenvolvido pelo estúdio indie Glowmade, aposta na estratégia de “jogo como serviço”, aqueles que não têm fim e são planejados para manter os usuários engajados por anos, para entrar em um mercado repleto de títulos ou efêmeros ou grandes demais para serem superados.
A produção lembra “Fall Guys”, sucesso da pandemia com as corridas de obstáculos que juntavam 40 jogadores, mas com elementos mais dinâmicos e foco no conteúdo criado pelos usuários.
Bem-humorado, o jogo tem fases que podem ser jogadas por até quatro pessoas, e mistura elementos de plataforma com uma ação frenética, mesmo que sua escala seja menor que a de seus principais concorrentes.
A ideia é superar obstáculos, quebra-cabeças, monstros (no estilo conhecido como “hack-and-slash”) e armadilhas para liberar melhorias, novas habilidades e cosméticos para seu personagem. Com uma ambientação que mistura fantasia e uma distopia corporativa, a ideia é ser uma paródia “nonsense” de um reality show no qual a reputação do jogador vai depender de seu desempenho durante as fases. Quanto mais combos e segredos forem descobertos, maiores serão os pontos e as recompensas.
“King of Meat” chega para dar fôlego a um catálogo ainda pouco convincente da Amazon Games, hoje repleto dos chamados MMORPGs. Trata-se, também, de um momento em que empresas de tecnologia como Apple, Meta e Netflix, que se voltaram ao setor nos últimos anos, aguardam retorno sobre seus investimentos.
Com “Lost Ark”, “New World”, os previstos para este ano “Throne and Liberty” e “Blue Protocol” e o anunciado MMO baseado em “O Senhor dos Anéis”, o braço de jogos da varejista tem lutado para emplacar um sucesso.
Hoje, os dois primeiros, apesar da boa recepção, são jogados por cerca de 25 mil e 4.000 jogadores diariamente na plataforma Steam, respectivamente, longe das centenas de milhares dos rivais “Final Fantasy 14”, “Path of Exile” e “World of Warcraft” —a estreia da Amazon com single-players deve ficar com o ainda em desenvolvimento reboot de “Tomb Raider”.
Por isso, o chamariz desta vez é o chamado “user generated content” —conteúdo criado por jogadores dentro do próprio jogo—, ideia que impulsionou “Fortnite” e “Roblox” ao sucesso no médio prazo.
É também uma das principais filosofias por trás da Glowmade, estúdio com cerca de 70 funcionários fundado em 2015 em Guildford, no Reino Unido, por ex-funcionários da Lionhead Studios (da franquia de Xbox “Fable”).
Em “King of Meat”, o destaque ficará não para os níveis criados pelos designers do estúdio, mas para os feitos pelos próprios jogadores.
“No modo de criação, guiamos o jogador para que ele possa fazer coisas que não sabia que conseguia fazer. O design de jogos não precisa estar atrás de uma porta trancada, qualquer um pode fazer isso”, disse à Folha Jonny Hopper, diretor da Glowmade, durante uma demonstração realizada em Nova York.
“É um momento desafiador no setor, mas é algo totalmente novo para provar. Queremos que os jogadores sintam que estão dando vida a esse jogo.”
Apesar da vantagem de dar espaço para a criatividade dos jogadores, o jogo se vê diante de uma armadilha, sem trocadilho, já que depende de um quórum consistente para manter-se ativo.
A principal barreira para isso será o fato de que o jogo será lançado a um preço intermediário para consoles e PCs, enquanto alguns de seus principais rivais continuam gratuitos.
Mas também há exemplos recentes jogando a favor dos jogos como serviço, como “Palworld” e “Helldivers 2”, que explodiram neste ano e atingiram milhões de jogadores em questão de semanas.
O que não vai faltar para “King of Meat” é conteúdo. Hopper disse que o jogo é dez vezes maior do que o inicialmente planejado, graças ao apoio da Amazon, e terá cerca de 40 horas de duração no lançamento, cuja data ainda não foi definida, com mais de 100 fases criadas pelos designers do estúdio.
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