Publicado em 03/10/2024 às 13h44.

Número de universitários cursando à distância deve ultrapassar total de presenciais em 2024

Matrículas na modalidade EAD tem aumentado exponencialmente desde a pandemia

Redação
Foto: Ângelo Pontes/ Divulgação

 

O Ministério da Educação (MEC) divulgou nesta quinta-feira (3) os dados do Censo da Educação Superior 2023 que apontam para um aumento no número de matrículas no ensino superior na modalidade a distância no Brasil, praticamente igualando-se com a quantidade de estudantes no modelo presencial.

Segundo matéria do Estadão, caso o crescimento do ensino a distância (EAD) mantenha esta tendência que vem ocorrendo nos últimos anos, esse modelo deve superar a educação presencial ainda neste ano. A análise, feita anualmente pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), leva em consideração tanto instituições públicas, quanto privadas. O ministro da Educação, Camilo Santana, que atua na campanha política das eleições municipais no Ceará, não participou da agenda.

Os cursos remotos têm ganhado mais alunos diante da facilidade logística e pelos custos mais baixos. Especialistas, entretanto, apontam para a necessidade de melhorar a fiscalização sobre estas graduações de forma a evitar uma queda de qualidade – sobretudo em áreas estratégicas, como a formação de professores. As faculdades, por sua vez, dizem que há boa estrutura e oferta de conteúdos na modalidade.

De acordo com os dados apresentados, em 2022 o Brasil registrou 4.913.281 alunos na modalidade a distância e 5.063.501 no modelo presencial, diferença de apenas 150.220 matrículas. Considerando o total de matrículas, o curso de Pedagogia é o que reúne maior número de matrículas EAD: 689.663. Já no presencial, o curso com maior número de matrículas é Direito, com 658.530 matriculados.

O crescimento da modalidade EAD tem gerado preocupação em relação à formação de professores, já que 67% dos matriculados em licenciaturas estão em cursos a distância. Em maio, o MEC homologou resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE) que determina que cursos de licenciatura a distância devem oferecer no mínimo 50% das aulas em formato presencial.

“Tem um tempo de transição, mas todas (instituições) terão de se adaptar para cumprir as diretrizes que preveem carga presencial e intensa”, afirmou a secretária de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres) do MEC, Marta Abramo.

O Censo tem apontado crescimento expressivo do ensino a distância em suas últimas edições. A modalidade ganhou força sobretudo após a pandemia de covid-19, quando o isolamento social restringiu atividades presenciais em todo país. Nos últimos dez anos, conforme mostrou a edição do Censo em 2023, o número de cursos de educação a distância cresceu 700%.

O secretário-executivo do Ministério da Educação, Leonardo Barchini, afirmou que o MEC não é contra o modelo, mas que é necessária uma regulação robusta. “Essa matrícula aumenta de maneira desenfreada por conta da regulação”, afirmou o secretário.

No ano passado, o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou que o MEC criaria um instituto para regular o ensino superior. Em entrevista ao Estadão em janeiro, ele disse ainda que o órgão poderia ser financiado a partir do pagamento de taxas por parte das universidades privadas.

A criação do instituto, no entanto, até o momento não saiu do papel. Questionado sobre o tema, o secretário-executivo da pasta afirmou que o MEC está “finalizando os estudos” e deve enviar um projeto de lei ao Congresso até o fim do ano.

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