Publicado em 04/11/2024 às 18h09.

Morre Evandro Teixeira, ícone do fotojornalismo brasileiro, aos 88 anos

Com mais de 70 anos de carreira, Teixeira deixou um legado marcante ao registrar momentos históricos tanto do Brasil quanto do mundo e faleceu nesta segunda-feira (4), no Rio de Janeiro

Redação
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

O fotógrafo baiano Evandro Teixeira, um dos mais renomados fotojornalistas brasileiros de todos os tempos, faleceu recentemente no Rio de Janeiro, aos 88 anos. Com mais de 70 anos de carreira, Teixeira deixou um legado marcante ao registrar momentos históricos tanto do Brasil quanto do mundo, com ênfase na ditadura militar brasileira, além de abordar questões sociais, cultura popular, entretenimento e esportes.

A maior parte de sua trajetória profissional foi dedicada ao Jornal do Brasil, onde atuou por 47 anos. Ele participou de uma exposição da Leica em Nova York, ao lado de ícones como Cartier-Bresson e Robert Capa. Contudo, seu principal ídolo foi o fotógrafo brasileiro José Medeiros (1921-1990), com quem realizou um curso de fotografia por correspondência.

Teixeira acumulou mais de 150 mil fotografias em seu acervo, que inclui imagens icônicas de Pelé e Ayrton Senna, além de coberturas sobre fome e pobreza no Brasil, bem como do carnaval e festas populares. Ele também desenvolveu projetos autorais significativos, como um sobre Canudos. Suas obras estão presentes em coleções de instituições como o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ). O acervo completo de Teixeira pode ser encontrado no Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro.

Entre suas fotografias mais emblemáticas está “Tomada do Forte de Copacabana” (1964), capturada durante o golpe militar, e “Passeata dos Cem Mil”, que documentou a maior manifestação contra a ditadura no Rio de Janeiro nos anos 1960. Anos depois, ele lançou um livro em que buscou os rostos das pessoas que ele havia fotografado naquela ocasião, com o intuito de contar suas histórias.

Em 1973, Teixeira viajou ao Chile para cobrir o golpe militar de Augusto Pinochet e, durante esse período, fez a cobertura do funeral de Pablo Neruda, registrando outra de suas imagens célebres.

Além do livro sobre 1968, Teixeira publicou outras obras, incluindo “Fotojornalismo” (1983) e “Canudos: 100 anos” (1997).

Evandro Teixeira nasceu em 25 de dezembro de 1935 em Irajuba, na Bahia, que na época era um pequeno povoado a 307 quilômetros de Salvador.

Ele faleceu às 16h40 na Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro, devido a falência múltipla dos órgãos, resultante de complicações de pneumonia. Teixeira havia sido internado após retornar do evento de fotografia Paraty em Foco. Ele deixa a esposa, Marly Caldas, duas filhas, Carina e Adryana, e três netas, Carina, Nina e Manoela.

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