PF revela que plano para matar Moraes foi abortado com militares já posicionados
De acordo com a PF, o grupo utilizou conhecimentos técnico-militares para planejar, coordenar e tentar executar ações ilícitas
A investigação da Polícia Federal sobre o plano de prender e assassinar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, revelou que militares envolvidos na trama usaram codinomes e se posicionaram para agir no dia 15 de dezembro de 2022, mas abortaram a operação no último momento.
Autorizada por Moraes, a PF realizou nesta terça-feira (19) uma operação que resultou na prisão de quatro militares e um policial federal suspeitos de planejar a morte do ministro, do então presidente eleito Lula (PT) e do vice-presidente Geraldo Alckmin, após a vitória de Lula sobre Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com a PF, o grupo utilizou conhecimentos técnico-militares para planejar, coordenar e tentar executar ações ilícitas. Em um grupo chamado “Copa 2022”, no aplicativo Signal, os envolvidos empregavam codinomes de países para evitar identificação: Alemanha, Áustria, Brasil, Argentina, Japão e Gana. Para as comunicações, foram usados seis celulares com chips da operadora Tim, registrados em nomes de terceiros e vinculados aos codinomes.
Os tenentes-coronéis Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Azevedo, alvos da operação, eram identificados como Japão e Áustria, respectivamente. As mensagens obtidas pela PF indicam que os integrantes estavam posicionados em locais estratégicos, com um deles próximo à residência do ministro Moraes, aparentemente prontos para agir.
A partir das 20h33 daquele dia, os suspeitos com codinomes Gana e Brasil confirmaram que estavam em posição. Às 20h57, Áustria perguntou: “Tô perto da posição. Vai cancelar o jogo?”, sugerindo dúvidas sobre a continuidade da ação. Dois minutos depois, o líder do grupo, identificado pelo nome “teixeiralafaiete230”, ordenou: “Abortar… Áustria… volta para local de desembarque… estamos aqui”.
O grupo mencionou que a sessão do STF programada para aquele dia havia sido adiada, o que pode ter motivado o cancelamento da operação. Segundo o relatório da PF, o contexto das mensagens sugere que a ação estava conectada ao adiamento de uma votação no STF, que encerrou suas atividades do plenário no início da noite de 15 de dezembro de 2022.
A operação desta terça, autorizada por Moraes, teve como alvos o general da reserva Mario Fernandes, os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra de Azevedo e o policial federal Wladimir Matos Soares. A PF destacou que Rafael Martins já era investigado por troca de mensagens com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
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