Preço do café dispara e supera recorde de 1977 após seca reduzir safra no Brasil
Os contratos futuros de arábica subiram 4,6%, alcançando US$ 3,4540 por libra-peso

O café atingiu um preço recorde em Nova York nesta terça-feira (10), em meio a crescentes preocupações com uma crise global de oferta, tornando-o uma das commodities mais valorizadas do ano, segundo informações do portal InfoMoney.
A trader Volcafe Ltd. reduziu sua estimativa de produção no Brasil, maior fornecedor mundial, após uma análise de campo revelar a gravidade de uma seca prolongada. A produção brasileira de arábica, variedade preferida para cafés especiais, deve atingir apenas 34,4 milhões de sacas, cerca de 11 milhões de sacas a menos em comparação com a estimativa de setembro, segundo uma apresentação obtida pela Bloomberg News.
A produção global de café deve ficar abaixo da demanda em 8,5 milhões de sacas na temporada 2025-26, marcando o quinto ano consecutivo de déficit — algo sem precedentes, de acordo com a Volcafe.
Os contratos futuros de café arábica subiram mais de 80% este ano devido a problemas nas safras de grandes produtores, pressionando ainda mais o bolso dos consumidores. Nesta terça-feira, os preços chegaram a subir 5,5%, alcançando o maior nível registrado desde 1972, superando o pico alcançado naquela década, quando a chamada “Geada Negra” devastou os cafezais brasileiros.
Seca prolongada
A preocupação com futuras safras no Brasil cresce após o período prolongado de seca. Além disso, a produção no Vietnã, maior produtor do grão robusta, mais barato, também enfrenta incertezas devido à seca durante o período de crescimento e às fortes chuvas no início da colheita.
“As preocupações com a safra de arábica no Brasil para 2025-26 cresceram esta semana,” disse Steve Pollard, analista do Marex Group. “As recentes visitas a campo indicam uma produção na casa de 30 milhões de sacas, o que resultaria em mais um déficit de oferta,” disse.
A alta nos preços ameaça aumentar os custos para torrefadores e cafeterias, que podem repassar os aumentos aos consumidores. A Nestlé anunciou em novembro que elevará os preços e reduzirá o tamanho das embalagens para mitigar o impacto do aumento no custo do café.
Os contratos futuros de arábica subiram 4,6%, alcançando US$ 3,4540 por libra-peso às 11h30, ultrapassando o recorde anterior de 1977, estabelecido após a devastadora geada de 1975 no Brasil.
“Estamos enfrentando uma forte fase fundamental no mercado de café, que deve sustentar os preços elevados,” afirmou Viktoria Kuszak, associada de pesquisa da Sucden Financial.
Efeitos na cadeia
O impacto da alta nos preços também é sentido em outros elos da cadeia. Quando os preços sobem, corretores exigem que produtores e exportadores depositem mais dinheiro como margem de garantia para cobrir possíveis perdas, tornando o uso do mercado futuro mais caro.
Além disso, alguns traders que venderam contratos futuros são obrigados a recomprá-los para sair do mercado, elevando ainda mais os preços em um ciclo vicioso.
A recente alta do café elevou o índice de força relativa de 14 dias do arábica acima de 70, indicando que o mercado pode estar sobrecomprado. A movimentação também veio acompanhada de maiores oscilações de preços, com uma medida de volatilidade de 60 dias alcançando o maior nível desde julho.
Os preços recordes do café contrastam com os custos globais de alimentos, que estão bem abaixo do recorde registrado no início de 2022, após a invasão da Ucrânia pela Rússia. No entanto, commodities “soft” como o café estão entre os materiais mais valorizados do ano.
Cacau também em alta
O cacau também disparou, alcançando um recorde em abril em Nova York, devido a colheitas ruins na África Ocidental.
Suco de laranja segue próximo ao seu maior preço histórico, com secas e doenças afetando os pés de laranja no Brasil, enquanto a produção na Flórida, principal estado produtor nos Estados Unidos (EUA), também foi impactada por danos causados por furacões.
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