Publicado em 18/12/2024 às 11h17.

Bruno minimiza prisão de correligionários pela PF e diz que prefeitura não é investigada

Segundo interceptações telefônicas, Marcos Moura, o “rei do lixo”, usou sua influência com o ex-prefeito ACM Neto para destravar pagamento com a gestão atual

Alexandre Santos / Fredie Ribeiro
Foto: Fredie Ribeiro/bahia.ba

 

O prefeito Bruno Reis (União Brasil) minimizou nesta quarta-feira (18) a prisão de dois correligionários e de um servidor municipal na operação da Polícia Federal que apura desvios de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro a partir de emendas parlamentares. O suposto esquema teria movimentado R$ 1,4 bilhão.

“A prefeitura não é investigada. Não há nenhum fato contra a prefeitura. Sem qualquer preocupação. Não tem nada a ver com a gente. Quem tem que ter boca, fala o que quer. Se você for controlar o que alguém fala a respeito de alguém, é coisa mais difícil do mundo. O relatório é claro”, disse Bruno Reis durante a entrega de uma obra de contenção de encostas no bairro de Tancredo Neves.

Segundo a investigação, um dos alvos da ação, o empresário Marcos Moura, o “rei do lixo”, usou sua influência com o ex-prefeito ACM Neto para que a gestão de Bruno Reis liberasse pagamentos de um contrato com a Smed (Secretaria de Educação de Salvador). Interceptações telefônicas da PF apontam que o titular da pasta, Thiago Dantas, foi procurado por um empresário ligado a Marcos Moura, que integra a cúpula do União Brasil.

Preso pela PF, Flávio Henrique de Lacerda Pimenta, que ocupava um cargo comissionado na Smed, foi exonerado no mesmo dia da ação. ACM Neto e Dantas não são investigados.

“Da mesma forma que fazem citações a respeito de terceiros, o relatório diz claramente que a secretaria não está sendo investigada. Não é alvo de operação. Não há qualquer envolvimento em especial do secretário Thiago Dantas”, disse Bruno Reis.

Tanto o agora ex-servidor Flávio Henrique de Lacerda Pimenta quanto o empresário Marcos Moura são acusados de envolvimento no suposto esquema de fraudes em licitações públicas com recursos de emendas parlamentares.

De acordo com a PF, ele tem empresas na área de limpeza urbana, com contratos em diversas prefeituras da Bahia, incluindo Salvador, onde mantém um contrato de R$ 427 milhões iniciado no governo do antecessor e padrinho político de Bruno Reis.

Embora não seja investigado no inquérito, ACM Neto é citado pelo empresário Alex Rezende Parente como “zero um antigo” em um diálogo no qual buscou sua interferência para a liberação de pagamentos pela prefeitura. O apelido seria uma referência ao período em ACM Neto que comandou o Executivo municipal.

Parente é apontado como chefe da quadrilha. Sua prisão aconteceu quando ele chegava em Brasília em um jatinho que pertencia a um outro empresário que participava do esquema

Em uma confraternização do União Brasil na semana passada, ACM Neto admitiu ser “amigo” de Marcos Moura, mas não quis comentar os detalhes da investigação. Em nota, o ex-prefeito disse que as investigações não encontraram “qualquer diálogo” seu nem mesmo “citação direta” ao seu nome. “Existem apenas inferências, que, ainda assim, não estão relacionadas a qualquer ato ilícito”, afirmou.

Primo do deputado Elmar Nascimento, líder do União Brasil na Câmara,  o vereador eleito de Campo Formoso, Francisquinho Nascimento (União Brasil), também foi preso pela PF. O parlamentar não é investigado. No momento da ação, Francisquinho arremessou uma bolsa de dinheiro vivo pela janela de sua residência, na capital baiana.

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