Publicado em 23/12/2024 às 10h22.

Preso pela PF, vice de Moema recebia mensalinho e teve despesas pagas com dinheiro desviado

Sob gestão de Moema Gramcho (PT), prefeitura nega irregularidades e diz que operação mira exclusivamente Vidigal Cafezeiro (Republicanos)

Alexandre Santos
Foto: Reprodução/Instagram/@Vidigal

 

Preso na manhã desta segunda-feira (23) na segunda fase da Operação Overclean, o médico e vice-prefeito de Lauro de Freitas, Vidigal Cafezeiro (Republicanos), recebeu pagamentos mensais e teve dívidas pessoais pagas pela organização liderada pelo empresário Marcos Moura, o ‘Rei do lixo’, segundo a Polícia Federal. De acordo com as investigações, o dinheiro era fruto de contratos públicos fraudulentos firmados com uma empresa.

Conforme a PF, o nome do vice-prefeito apareceu em planilhas informais de contabilidade nas quais constam que ele recebeu R$ 140 mil em um período de seis meses. Moura é amigo de ACM Neto e integra a cúpula do União Brasil, sigla da qual o ex-prefeito de Salvador é vice-presidente nacional. ACM Neto não é investigado no caso.

Em nota, a assessoria da prefeita Moema Gramacho (PT) negou qualquer fraude ou desvio de recursos pela gestão e disse que a operação foi dirigida exclusiva ao vice-prefeito.

Moema afirma não ter conhecimento de quaisquer desvios pela gestão e jamais praticou. “Está tão surpresa quanto a imprensa”. A administração municipal informou que já se colocou à prefeitura à disposição das autoridades policiais e jurídicas.

“A Prefeitura Municipal acredita no trabalho da polícia e da justiça que ao final de todos os atos administrativos e judiciais, com todas as garantias democráticas, como a plena defesa e o devido processo legal, conseguirá apontar quem deverá ser punido e qual é a sanção cabível. Todo o acervo documental ou qualquer outros documentos estão ao inteiro dispor das autoridades”, disse no comunicado.

“A justiça deverá ser feita punindo os que tenham cometido crime e inocentando os que, apesar de estarem sendo investigados, restarem provadas sua inocência.”

Outros três presos na nova etapa da Overclean são o secretário de Mobilidade de Vitória da Conquista, Lucas Moureira Dias, Carlos André de Brito Coelho, ex-prefeito de Santa Cruz da Vitória, apontado como operador do grupo; e o policial federal Rogério Magno Almeida Medeiros.

Procurada pelo bahia.ba, a Prefeitura de Vitória da Conquista afirmou que não mede esforços para assegurar que as contratações sejam realizadas de forma íntegra. A administração municipal diz seguir rigorosamente os princípios constitucionais da administração pública, como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (leia mais abaixo).

A reportagem não conseguiu contato dos demais citados pela PF.

Ao todo, foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão e quatro de prisão preventiva. Houve diligências em Vilas do Atlântico, Alphaville (bairro de luxo de Salvador) e Brasília. Além das ordens judiciais, a PF determinou o sequestro de aproximadamente R$ 4,7 milhões obtidos por meio dos crimes investigados e de diversos veículos de luxo.

Na sede da Prefeitura de Lauro de Freitas, investigadores recolheram documentos e aparelhos eletrônicos.

De acordo com a PF, o grupo contava com uma célula de apoio informacional, composta por policiais, que tinha a função de repassar informações sensíveis à organização criminosa, incluindo a identificação de agentes federais envolvidos em diligências sigilosas.

Os crimes apurados incluem corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos, lavagem de dinheiro e obstrução de Justiça.

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