Justiça britânica retomará julgamento de Mariana em 13 de janeiro
Atingidos por tragédia buscam responsabilização de mineradora BHP
O julgamento, em um tribunal britânico, que decidirá pela responsabilização ou não da mineradora angloaustraliana BHP em relação ao rompimento da barragem da Samarco em Mariana, em Minas Gerais, no ano de 2015, será retomado em 13 de janeiro. A Samarco é uma joint-venture entre a brasileira Vale e a subsidiária da BHP no Brasil. O processo, que corre na Corte de Tecnologia e Construção de Londres, foi iniciado pelo escritório de advocacia Pogust Goodhead (PG), que representa 620 mil pessoas, 46 municípios e 1.500 empresas atingidas pela tragédia, a fim de responsabilizar a BHP no Reino Unido. A Vale não é ré nesta ação.
As sessões foram iniciadas no dia 21 de outubro e suspensas na última sexta-feira (20), devido ao recesso de fim de ano, da Justiça britânica. Nos dois primeiros meses do julgamento, foram apreciados documentos e ouvidos os depoimentos de diversas testemunhas. Segundo o PG, a Samarco já sabia desde 2013 que a barragem que rompeu estava operando acima dos limites apropriados e que não havia um plano de evacuação adequado no distrito de Bento Rodrigues, onde se localizava a estrutura.
Além disso, de acordo com o PG, um ex-engenheiro da BHP admitiu ter conhecimento de rachaduras na estrutura em 2014, mas não houve ação suficiente para prevenir o colapso. Ainda segundo os advogados das vítimas, os depoimentos mostraram que a BHP tinha controle estratégico sobre a Samarco, incluindo auditorias, decisões operacionais e práticas de remuneração.
O escritório e a BHP também convidaram especialistas em direito societário para esclarecer à Justiça britânica se um acionista majoritário, no caso a empresa angloaustraliana, pode ou não ser considerada responsável por um incidente ocorrido em uma empresa da qual é acionista, no caso a Samarco. Segundo o escritório PG, o especialista nomeado pelas vítimas argumentou que acionistas em grupos de controle podem ser responsabilizados individualmente por abusos de poder e que a responsabilidade social corporativa deve ser uma prioridade nesses casos.
Entre os dias 13 e 21 de janeiro, serão ouvidos especialistas em direito ambiental brasileiro. De 22 a 29, será a vez de especialistas em geotecnia. Em fevereiro, as partes envolvidas prepararão suas alegações finais, que serão apresentadas entre 5 e 13 de março. Espera-se que a Justiça britânica decida sobre a responsabilidade ou não da BHP ainda em 2025. Caso a empresa seja considerada responsável pelo desastre, um novo julgamento definirá os valores de indenização. O escritório PG estima valores em torno de R$ 230 bilhões. Em nota, o escritório PG informou que “as vítimas seguem confiantes na busca por justiça pelo maior desastre ambiental do Brasil”. Para a BHP, o caso já foi resolvido no Brasil, com um acordo de reparação acertado entre as empresas (Samarco, Vale e BHP) e as vítimas do rompimento, homologado em novembro pelo Supremo Tribunal Federal.
“Reforçando o comprometimento da BHP com a reparação no Brasil, em outubro foi assinado o novo e definitivo acordo com governo brasileiro e as autoridades públicas, somando R$ 170 bilhões para a reparação dos impactos do rompimento. O acordo, integralmente homologado pelo STF em novembro de 2024, dá continuidade e amplia os trabalhos de reparação realizados até agora”, informou a BHP Brasil por meio de nota.
A empresa cita ainda a criação da Fundação Renova, em 2016, como parte de um primeiro acordo com as autoridades brasileiras e que, segundo a BHP Brasil, “já destinou mais de R$ 38 bilhões em auxílio financeiro emergencial, indenizações, reparação do meio ambiente e infraestruturas para aproximadamente 430 mil pessoas, empresas locais e comunidades indígenas e quilombolas”, diz nota da BHP Brasil. A BHP informou ainda que “refuta integralmente os pedidos formulados na ação ajuizada na Inglaterra. Continuamos a trabalhar em estreita colaboração com a Samarco e a Vale para apoiar o processo contínuo de reparação e compensação em andamento no Brasil”.
Tragédia
A tragédia humana e ambiental de Mariana ocorreu em 5 de novembro 2015, com o rompimento da barragem de rejeitos de mineração. O distrito de Bento Rodrigues foi totalmente destruído pela lama. Dezenove pessoas morreram, três estão desaparecidas até hoje e 600 pessoas ficaram desabrigadas.
Aproximadamente 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos tóxicos foram despejados no meio ambiente, atingindo 49 municípios em Minas Gerais e no Espírito Santo. A lama percorreu 663 quilômetros pela Bacia do Rio Doce, até atingir o mar do litoral capixaba.
Mais notícias
-
Justiça
19h30 de 04 de janeiro de 2025
Dino suspende pagamento de emendas a ONGs não transparentes
CGU analisou 33 entidades e diz que 13 não seguem critérios adequados
-
Justiça
19h51 de 03 de janeiro de 2025
Indígenas Avá-Guarani pedem proteção ao Ministério da Justiça
Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá tem sido alvo de ações violentas
-
Justiça
15h11 de 03 de janeiro de 2025
AGU firma acordo de R$ 7,5 bilhões com Gol e Azul para regularizar dívidas
Os acordos incluem descontos sobre multas, juros e outros encargos, além do uso de prejuízo fiscal e prazos flexibilizados para pagamento
-
Justiça
14h52 de 03 de janeiro de 2025
Daniela Borges durante posse da OAB-BA: ‘Não aceitaremos criminalização da advocacia’
Em seu discurso, presidente reeleita da seccional destacou compromisso da nova gestão com inovação, capacitação e valorização da classe, incluindo luta por melhor remuneração
-
Justiça
19h12 de 02 de janeiro de 2025
Alexandre de Moraes autoriza Chiquinho Brazão a fazer exame de coração com escolta
Deputado federal está preso desde março por suspeita de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes
-
Justiça
17h44 de 02 de janeiro de 2025
Caso Marielle: Câmara realiza desconto significativo no salário de Chiquinho Brazão
Preso desde o dia 24 de março de 2024, mandato do deputado federal permanece ativo
-
Justiça
14h19 de 02 de janeiro de 2025
Eleitores que não votaram devem justificar ausência até 7 de janeiro
Pedido pode ser feito em cartórios eleitorais ou pela internet
-
Justiça
13h48 de 02 de janeiro de 2025
Nova diretoria da OAB Bahia toma posse nesta sexta-feira (3)
Cerimônia administrativa acontece na sede da seccional, na Rua Portão da Piedade, a partir das 9h30
-
Justiça
13h40 de 31 de dezembro de 2024
Juízes terão que devolver ‘vale-ceia’ de R$ 10 mil à Justiça
Decisão foi assinada pela presidente do TJ, desembargadora Clarice Claudino da Silva, que havia assinado o pagamento do auxílio excepcional