Publicado em 10/01/2025 às 10h59.

Meta atualiza normas em português, com flexibilização para ‘conteúdo preconceituoso’

O documento permite, por exemplo, que homossexuais e transgêneros possam ser associados, desde que de “forma satírica”, a termos como “esquisito”

Redação
Imagem: Reprodução/redes sociais

 

A Meta atualizou, oficialmente, as politicas de moderação de suas redes sociais em português nesta sexta-feira (10). A decisão que afrouxa a restrição de conteúdo preconceituoso e acaba com a checagem de informações potencialmente falsas foi anunciada por Mark Zuckerberg na terça-feira (7) e só estava disponível em inglês até então.

Segundo matéria do InfoMoney, o documento permite, por exemplo, que homossexuais e transgêneros possam ser associados, desde que de “forma satírica” a termos como “esquisito” em todas as redes sociais do grupo (Facebook, Instagram, WhatsApp e Threads).

Outra norma presente no texto libera a defesa de superioridade de gênero ou religião em detrimento de outras e a alegação de doença mental ou anormalidade baseada em gênero. Além disso, diretrizes que barravam publicações com linguagem excludente sobre imigração, homossexualidade e religião foram apagadas. Ou seja, com a norma atual, são tolerados ataques a pessoas ou grupos, por exemplo, “com afirmações de que eles têm ou espalham coronavírus”.

A flexibilização na passabilidade de certos discursos compartilhados por usuários acompanha a dispensa dos checadores de fatos da empresa. Na prática, a Meta acabou com a política instituída há oito anos para reduzir a disseminação de desinformação na rede.

Dessa forma, a responsabilidade de acrescentar correções às publicações que possam conter informações falsas ou enganosas passar a ser dos próprios usuarios, ou “comunidade” como é geralmente chamado o grupo, assim como ocorre no X de Elon Musk.

Zuckerberg, CEO da Meta, defendeu a atualização: “É hora de voltarmos às nossas raízes em relação à liberdade de expressão”. Já o recém-nomeado presidente de assuntos globais da Meta, Joel Kaplan, também repercutiu a medida na qual alegou servir para eliminar regras excessivamente restritivas sobre temas de “frequente debate político”.

Zuckerberg e Trump

O fim da política de moderação é mais um passo de aproximação entre Zuckerberg e o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Desde que o republicano ganhou as eleições em novembro, a Meta busca reatar as relações com os conservadores, com direito a jantar entre os dois e uma doação de US$ 1 milhão para a posse do presidente.

Além disso, internamente, a companhia realiza uma “dança das cadeiras” em seus cargos. Na semana passada, o republicano Joel Kaplan, conhecido por intermediar a relação da Meta com os conservadores, foi nomeado como presidente de assuntos globais. Já na segunda-feira (6), Dana White, chefe do UFC e aliado próximo à Trump, se juntou ao conselho da gigante.

Após o anúncio, políticos, instituições, centros de pesquisa e especialistas se manifestaram contrários à medida. Mais de 60 entidades, centros de pesquisas universitários e coletos ao redor do mundo assinaram uma carta aberta onde reforçam a necessidade de regulação das redes sociais que “priorize os direitos humanos e a segurança digital”.

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