Publicado em 09/02/2025 às 15h10.

Policiais envolvidos na chacina do Cabula serão ouvidos pela 1ª vez 10 anos após caso

Segundo o MP-BA, agentes foram ao local exigir propina que traficantes teriam deixado de pagar

Redação
Foto: Feijão Almeida/GovBA

 

A chacina do Cabula, que resultou na morte de 12 jovens negros com 88 disparos de arma de fogo, completou dez anos na semana passada. Neste ano, nove policiais envolvidos serão ouvidos pela primeira vez, informa reportagem do portal UOL.

Em 6 de fevereiro de 2015, os agentes entraram na Vila Moisés, mataram os jovens, com idades entre 16 e 27 anos, e feriram seis pessoas.

Para o MP-BA (Ministério Público da Bahia), em denúncia apresentada ainda naquele ano, os agentes estavam ali para exigir propina que traficantes tinham deixado de pagar. Os laudos não mostram indícios de confronto no local, e as vítimas, que as famílias negam que fossem traficantes, apresentavam sinais de tortura.

Rui Costa (PT) era o governador, recém-empossado como sucessor do hoje senador Jaques Wagner (PT-BA). Atual ministro da Casa Civil, Costa é uma das figuras mais influentes do governo Lula. Na época, ele recorreu a uma analogia com o futebol para defender a atuação da PM.

“É como um artilheiro em frente ao gol que tenta decidir, em alguns segundos, como é que ele vai botar a bola dentro do gol. Depois que a jogada termina, se foi um golaço, todos os torcedores irão bater palmas, e a cena vai ser repetida várias vezes na televisão. Se o gol for perdido, o artilheiro vai ser condenado, porque se tivesse chutado daquele jeito ou jogado daquele outro, a bola teria entrado”, declarou Rui Costa anquela ocasião.

Os nove PMs denunciados pelo MP-BA só serão ouvidos no processo no mês que vem, dez anos depois do caso. Na época, eles apresentaram diferentes versões. Primeiro, alegaram que foram recebidos a tiros, depois disseram que os jovens eram integrantes de uma quadrilha de roubo a bancos. Em 2015, eles foram absolvidos sumariamente em uma decisão contestada pelo MP, que recorreu.

A letalidade policial na Bahia é a maior do país. Em 2024, o estado registrou 1.557 mortes em intervenções policiais, mais que a soma do segundo e terceiro colocados, São Paulo (749) e Rio de Janeiro (699). A média é de pelo menos quatro mortes durante intervenções policiais por dia. A Bahia também lidera em números relativos, com 10,48 mortes a cada 100 mil habitantes.

 

 

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