Publicado em 25/02/2025 às 11h44.

Sala de imprensa do Carnaval homenageará o jornalista José Carlos Teixeira

Teixeirinha, como também era conhecido, morreu em outubro do ano passado, aos 76 anos

Redação
Foto: Arquivo pessoal

 

A sala de imprensa que a Prefeitura de Salvador vai inaugurar no Campo Grande para o Carnaval deste ano homenageará José Carlos Teixeira, um dos expoentes do jornalismo baiano, que morreu no fim de 2024, aos 76 anos. O espaço vai dar suporte a profissionais e veículos de imprensa que irão cobrir a maior festa de rua do planeta, totalizando 97 metros quadrados de área.

Climatizada, a estrutura conta com capacidade para mais de 20 computadores, além de abrigar sala para coletiva de imprensa, almoxarifado, copa e uma sala de reunião onde o prefeito, secretários e demais gestores municipais farão balanços diários dos serviços municipais prestados durante a folia. O espaço deve ser inaugurado na próxima quinta-feira (27), às 11h.

A escolha do nome de José Carlos Teixeira, ou apenas Teixeirinha (como era conhecido entre familiares, amigos e admiradores), para o local, se deve à trajetória marcante de mais de cinco décadas do jornalista na comunicação. Afinal, o profissional se dedicou à informação e à cobertura dos principais eventos da Bahia, incluindo os festejos de Momo.

“Meu pai tinha uma relação de profundo respeito com o Carnaval e demais festas populares da Bahia. Como jornalista, sempre foi um defensor das nossas principais expressões culturais de nosso estado. Em um período mais recente, ele se dedicou a pesquisas sobre a história do Carnaval na Bahia e também sobre a presença dos artistas de samba da festa”, conta o também jornalista João Pedro Pitombo, um dos filhos de Teixeira.

A paixão pelo samba, a propósito, motivou Teixeira a escrever um perfil biográfico de Walmir Lima, autor do icônico “Ilha de Maré” e de dezenas de outros títulos gravados por alguns dos mais representativos intérpretes do gênero no país.

Intitulado “Walmir Lima – Um Bamba da Bahia”, o livro foi lançado em 2023 a partir de entrevistas feitas entre novembro de 2017 e julho de 2018, “contextualizando-as para mostrar que a história de Walmir e dessa safra de sambistas baianos é também um saboroso pedaço da Bahia”, como descreveu o autor.

Nos últimos anos, Teixeira se empenhava a escrever a biografia de Edil Pacheco, outro sambista que influenciou no fortalecimento dos blocos de samba do Carnaval de Salvador. Mas um acidente viria a abreviar a trajetória do jornalista.

Teixeira morreu no dia 10 de outubro do ano passado, após sofrer um trauma na cabeça decorrente de uma queda ocorrida quatro dias antes. Ele deixou a companheira Lenilde, com quem conviveu por 15 anos, os filhos Joanna e João Pedro – frutos do casamento anterior com a professora Eliana Pitombo -, o neto Ícaro, a enteada Maria Isabel, além de uma legião de amigos por todos os lugares onde passou.

Para João Pedro Pitombo, o pai era uma pessoa extremamente afetuosa, que carregou amizades por décadas. Em geral, era um tanto tímido e sério no trato, mas sempre divertido entre os seus. “Tinha uma ironia fina e uma agudeza de percepção como poucos. Com a antena sempre ligada, estava na profissão certa. Como jornalista, ele liderou equipes e identificou talentos. Foi um professor exigente, mas afetuoso. Aliava o rigor na apuração com um texto leve e com estilo próprio, que sempre nos dava prazer em ler”, definiu.

Mas o que Teixeira diria ao saber que a Sala de Imprensa do Carnaval 2025 levaria o nome dele? Para Pitombo, o pai faria alguma piada sobre a peça que o destino lhe pregou. “Com certeza, ele gostaria de estar presente”, completou.

No ano passado, ambos estavam juntos na inauguração da sala quando o homenageado foi o jornalista José de Jesus Barreto, um dos melhores amigos de Teixeira.

Biografia

Nascido em 1947 em Ruy Barbosa, cidade a 320 km de Salvador, José Carlos Teixeira passou a infância e juventude em Feira de Santana, onde desenvolveu amor pelos livros, fez teatro e participou do movimento estudantil contra a ditadura militar. Licenciado em Estudos Sociais pela Uefs, iniciou sua carreira jornalística em 1969 e foi fundador e editor-chefe do jornal Feira Hoje.

Já formado em Comunicação Social pela Ufba, trabalhou em veículos como Jornal da Bahia, Tribuna da Bahia, O Estado de S. Paulo e O Globo. Também atuou como assessor de imprensa e secretário de Comunicação em prefeituras baianas. Nos anos 2000, passou pela TVE Bahia e A Tarde, além de lecionar jornalismo.

Na política, candidatou-se a vereador em 1982 pelo MDB, defendendo a liberdade de expressão e a redemocratização. Além disso, Teixeira especializou-se em Marketing Político e trabalhou em campanhas em cinco estados e em Angola, onde viveu por três anos, antes de retornar ao Brasil.

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