UE prepara resposta às tarifas de Trump, mas mantém espaço para negociação
Bloco europeu avalia retaliação contra sobretaxas dos EUA, enquanto mercados globais reagem a temores de uma guerra comercial

A União Europeia (UE) confirmou que está elaborando um pacote de medidas em reação à tarifa de 20% imposta pelo governo dos Estados Unidos, após o anúncio do presidente Donald Trump na quarta-feira (2). Apesar disso, o bloco sinalizou disposição para negociar e evitar uma escalada na disputa comercial.
A UE já estava finalizando planos para tarifar US$ 26 bilhões em produtos norte-americanos, como resposta às sobretaxas sobre aço e alumínio implementadas por Trump em março.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, classificou a medida como um “grande golpe para a economia mundial”. Durante uma cúpula com líderes da Ásia Central no Uzbequistão, ela afirmou: “Parece não haver ordem na desordem. Nenhum caminho claro diante da complexidade e do caos criado com as novas tarifas aplicadas aos parceiros comerciais dos EUA.”
Nesta quinta-feira (3), diversos países analisam formas de responder à nova rodada de tarifas anunciadas por Trump, que chamou o dia do anúncio de “Dia da Libertação”.
Trump determinou uma tarifa mínima de 10% sobre todas as importações, além de alíquotas diferenciadas que, em alguns casos, chegam a quase 50%.
Até o momento, os governos mais afetados têm se limitado a declarações e notas oficiais, enquanto avaliam a melhor forma de reagir. No entanto, os mercados globais operam em forte queda, refletindo a crescente preocupação de que o cenário evolua para uma guerra comercial prolongada.
Além das medidas anunciadas na quarta-feira, passam a valer nesta quinta-feira tarifas de 25% sobre veículos importados pelos EUA. A Associação da Indústria Automotiva da Alemanha, cujo principal mercado é o norte-americano, pediu à União Europeia que evite uma escalada do conflito, alertando que isso apenas ampliaria os prejuízos econômicos.
Fora da UE, o Reino Unido declarou que dispõe de “uma ampla gama de instrumentos e não hesitará em usá-los”, mas destacou que pretende manter uma postura cautelosa e comprometida com o diálogo, segundo o ministro de Negócios, Jonathan Reynolds. O país será alvo de uma tarifa de 10% imposta pelos EUA.
Outro grande alvo das medidas, a China exigiu que os EUA cancelem “imediatamente” as novas tarifas e anunciou que adotará “contramedidas resolutas”, conforme comunicado do Ministério do Comércio chinês. Pequim, no entanto, ainda não detalhou quais serão as respostas.
“Não há vencedores em uma guerra comercial, e o protecionismo não é a solução”, diz a nota oficial do governo chinês.
As tarifas sobre produtos chineses somam agora 54%, combinando os 34% recentemente anunciados com as sobretaxas anteriores de 20%. O percentual se aproxima da alíquota de 60% que Trump mencionou durante sua campanha eleitoral.
No Japão, o ministro do Comércio, Yoji Muto, pediu que os EUA reconsiderem a tarifa de 24% sobre os produtos japoneses. Já na Coreia do Sul, o presidente interino, Han Duck, afirmou que uma “guerra tarifária global se tornou uma realidade”.
As reações dos governos refletem a percepção de que as tarifas foram mais agressivas do que o esperado. No entanto, ainda há incerteza sobre a forma como serão implementadas.
Jim Reid, estrategista do Deutsche Bank, apontou que as novas taxas reforçam a percepção de uma mudança radical na política econômica dos EUA. “O tamanho das tarifas aumentou a preocupação sobre uma reestruturação econômica profunda promovida pela nova administração dos EUA, mas não há clareza sobre um plano estratégico detalhado para sua implementação”, avaliou em relatório a investidores.
Para Neil Shearing, economista-chefe da consultoria britânica Capital Economics, as tarifas aplicadas à China e a outros países asiáticos foram mais altas do que o esperado. Em contrapartida, o Brasil foi um dos países menos afetados, sendo submetido apenas à tarifa mínima de 10%.
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