Publicado em 08/04/2025 às 14h45.

Reforma ministerial pode avançar após decisão sobre Juscelino Filho

Possível saída do ministro das Comunicações abre caminho para novas mudanças no governo Lula

Redação
Foto: Ricardo Stuckert / PR


A possível demissão do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, pode acelerar a sequência da reforma ministerial planejada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo avaliação de aliados. A expectativa no Palácio do Planalto é que uma definição sobre o futuro de Juscelino, denunciado nesta terça-feira (8) pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposto desvio de emendas parlamentares, ocorra após a viagem de Lula a Honduras.

No União Brasil, são cogitadas duas mudanças de ministério. O ministro do Turismo, Celso Sabino, é cotado para assumir as Comunicações, mas essa alternativa encontra resistência dentro do próprio partido. Já o PSD, liderado por Gilberto Kassab, manifestou ao presidente o interesse em assumir o Ministério do Turismo. A legenda considera essa pasta estratégica para continuar apoiando o governo no Congresso e para fortalecer uma possível aliança com Lula nas eleições de 2026.

Nesse cenário, o União Brasil receberia o Ministério da Ciência e Tecnologia como forma de compensação. Atualmente, essa pasta é comandada por Luciana Santos (PCdoB), ex-vice-governadora de Pernambuco e aliada de longa data de Lula. Ela poderia ser transferida para o Ministério das Mulheres, hoje chefiado por Cida Gonçalves, que, neste arranjo, ficaria sem cargo.

Após a denúncia da PGR, o União Brasil começou a avaliar os desdobramentos da crise. O partido saiu em defesa de Juscelino Filho, que está licenciado do mandato de deputado. O presidente da sigla, Antônio Rueda, e o líder da legenda na Câmara, Pedro Lucas (MA), se reuniram nesta terça-feira para discutir o contexto político.

Conforme reportado pelo Metrópoles, o PT considera a situação de Juscelino “delicada”. Integrantes do partido lembram que o ministro já causou incômodos ao governo, como no episódio em que utilizou voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para participar de um leilão de cavalos. Além disso, o União Brasil tem oferecido pouco apoio nas votações no Congresso e abriga o governador Ronaldo Caiado (GO), que se movimenta como pré-candidato à Presidência em 2026.

Denúncia e investigações
Em junho de 2024, a Polícia Federal concluiu o inquérito que levou ao indiciamento de Juscelino Filho. A investigação aponta possíveis crimes cometidos pelo ministro enquanto ainda era parlamentar, incluindo organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, falsidade ideológica e fraude em licitação. O relatório motivou a PGR a apresentar a denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira.

A apuração gira em torno de um suposto desvio de R$ 835,8 mil em obras de pavimentação financiadas com recursos da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), órgão sob controle do Centrão.

A equipe de Juscelino informou que ainda não foi notificada oficialmente sobre a denúncia. Seus advogados criticaram a atuação da PGR, mencionando uma “época punitivista”, em que o Ministério Público se comunicaria primeiro com a imprensa antes de se manifestar nos autos do processo.

O União Brasil reforçou o apoio ao ministro. Segundo Antônio Rueda, Juscelino ainda não teve a chance de apresentar sua defesa, e o fato de ter sido denunciado não implica em culpa.

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