Publicado em 15/04/2025 às 18h19.

Ao Brasil – nem tão nacional assim – pedimos socorro!

Texto de Robson Wagner (foto)

Redação

 

Como estudioso e profissional da área de marketing político e comunicação institucional, hoje me abstenho de tratar diretamente da minha especialidade. Tenho observado, com crescente perplexidade, um fenômeno que se intensifica a cada dia: o Brasil é, na verdade, muitos. É um país de contrastes tão profundos que chega a parecer formado por várias nações distintas. Em certos aspectos, as diferenças entre estados como Ceará e Rio Grande do Sul são talvez maiores que as que separam países como Equador e Peru.

Nas cidades mais ricas, encontramos a população mais pobre, com as maiores necessidades. Seria fácil tentar suavizar essa realidade – talvez atribuí-la à colonização portuguesa, à vasta extensão territorial ou a outros tantos fatores estruturais. E sim, eu poderia elencar pelo menos mais cem motivos. Mas acredito que o maior milagre brasileiro ainda seja a nossa Unidade Nacional.

Cada um tem seu time de futebol, mas quando chega a Copa do Mundo, todos vestem a camisa da Seleção. Todos acreditam que, agora sim, o time está pronto e seremos campeões. Essa união momentânea talvez seja a mais autêntica expressão do que nos faz, de fato, brasileiros.

Dito isso, voltemos aos desafios políticos de cada unidade federativa. Ao acompanhar de perto o cenário político nacional, percebo que o modelo presidencialista se mostra cada vez mais frágil diante de um parlamento voraz, independente e repleto de representantes preocupados – sobretudo – em garantir recursos e votos para seus redutos eleitorais. Afinal, como costumo dizer, na política há uma separação simples: entre “os capazes” e “os capazes de tudo”. Política, para muitos, é antes de tudo sobrevivência.

E o que o parlamento nos revela sobre o Brasil? Que é um país lindo, com florestas tropicais, os melhores jogadores de futebol do mundo e um sonho quase utópico de se tornar uma potência global. Mas, quando olhamos mais de perto, percebemos que cada estado — São Paulo, Bahia, Pernambuco, o gigante Amazonas, a autossuficiente Santa Catarina (que por vezes beira o despropósito de nem se sentir brasileira) – funciona como uma verdadeira nação. Cada qual com vida própria, política autônoma e demandas específicas.

Pensar que a eleição nacional de 2026 não terá reflexos nos estados seria ingênuo. Contudo, o que se nota é que o povo brasileiro está cada vez mais focado em seu próprio “quadrado”, em sua realidade imediata. E isso muda tudo.

E a pergunta que não quer calar é: onde estão os candidatos e suas propostas? Vocês querem mesmo romper com essa dicotomia de amor versus ódio? Eu, povo, posso sonhar com um futuro melhor?

As respostas, infelizmente, costumam vir apenas após a contagem dos votos. Mas esses questionamentos urgem. Precisam ser feitos antes. E o povo quer fazê-los. Talvez só lhe falte força, ou talvez lhe falte o mesmo sentimento que encontrei hoje ao reler o Salmo 121: “Elevo os meus olhos para os montes; de onde me virá o socorro?”

Robson Wagner é CEO da W4 Comunicação e diretor de desenvolvimento do Associação Brasileira de Agências de Publicidade na Bahia (Abap-BA)

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