Trump se encontra com autoridades japonesas para discutir tarifas comerciais
Encontro em Washington testa disposição de Trump em recuar nas tarifas; o país busca evitar concessões e aposta em investimentos como trunfo diplomático

O Japão deve iniciar nesta quarta-feira (16), em Washington, as negociações tarifárias com os Estados Unidos — tornando-se um dos primeiros países a testar a disposição do presidente norte-americano, Donald Trump, em recuar nas tarifas comerciais amplas que têm agitado os mercados e alimentado temores de recessão.
O principal negociador comercial do Japão, Ryosei Akazawa, se reunirá com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, e com o representante comercial Jamieson Greer. Além das tarifas, os encontros também poderão abordar projetos na área de energia e a delicada questão das taxas de câmbio.
Trump afirmou, em publicação na rede social Truth, que também participará da reunião.
Apesar de Bessent considerar que há uma “vantagem em agir primeiro” — já que mais de 75 países solicitaram conversações com os EUA — o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, declarou que o país não terá pressa em fechar um acordo e não pretende fazer grandes concessões.
As exportações japonesas para os Estados Unidos foram impactadas por tarifas de 24%, que estão temporariamente suspensas por um período de 90 dias. Ainda assim, permanece em vigor uma tarifa geral de 10%, além de uma taxa de 25% sobre carros — setor estratégico para a economia japonesa, fortemente baseada em exportações. Por enquanto, Ishiba descartou a adoção de contramedidas.
“A dificuldade da equipe japonesa é que os Estados Unidos criaram, unilateralmente, uma enorme alavancagem em seu favor”, disse Kurt Tong, sócio-gerente da consultoria The Asia Group, com sede em Washington.
“Os EUA estão oferecendo não bater no Japão com paus, enquanto o Japão se vê forçado a oferecer um monte de cenouras. Do ponto de vista japonês, isso parece coerção econômica”, acrescentou Tong, que já atuou no Departamento de Estado dos EUA.
Trump vem reclamando há tempos do déficit comercial dos EUA com o Japão e outros países, acusando-os de práticas comerciais desleais e de manterem artificialmente suas moedas desvalorizadas.
Na semana passada, Bessent se reuniu com o vice-primeiro-ministro do Vietnã para tratar de comércio, e já convidou o ministro das Finanças da Coreia do Sul para conversações em Washington, na próxima semana. A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, será recebida por Trump na Casa Branca na quinta-feira (17), para discutir as tarifas aplicadas à União Europeia.
O escopo exato das negociações desta quarta-feira ainda não está definido. Bessent afirmou que pretende avançar em temas como tarifas, barreiras não tarifárias e taxas de câmbio — embora o Japão esteja tentando deixar este último ponto fora da pauta.
A possibilidade de investimentos japoneses em um megaprojeto de gás no Alasca também poderá entrar nas discussões, segundo Bessent.
Akazawa disse, antes de embarcar, que o Japão espera que as promessas de ampliar investimentos nos EUA ajudem a convencer o governo americano de que é possível alcançar uma solução “ganha-ganha”, sem a imposição de tarifas.
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