Publicado em 16/04/2025 às 17h21.

‘Não me surpreende’, diz Erika Hilton após receber visto dos EUA com gênero masculino

Deputada federal denuncia desrespeito a documentos oficiais e aponta ação como forma de violência contra pessoas trans

Rodrigo Fernandes
Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

 

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) criticou publicamente o governo dos Estados Unidos após ter seu gênero registrado como masculino na emissão de um visto diplomático, mesmo apresentando documentos brasileiros retificados que a identificam como mulher. O visto foi emitido para sua participação na Brazil Conference, evento acadêmico sediado na Universidade de Harvard e no MIT.

“Sim, é verdade. Fui classificada como do ‘sexo masculino’ pelo governo dos EUA. Não me surpreende. Isso já está acontecendo nos documentos de pessoas trans dos EUA faz algumas semanas. Não me surpreende também o nível do ódio e a fixação dessa gente com pessoas trans”, declarou a parlamentar nas redes sociais.

Erika destacou que todos os documentos apresentados estavam em conformidade com a legislação brasileira, incluindo a certidão de nascimento, e lembrou que, em 2023, a mesma embaixada já havia concedido um visto reconhecendo sua identidade de gênero corretamente.

A deputada também apontou que a mudança no protocolo se baseia em um decreto assinado pelo presidente Donald Trump, em janeiro de 2025, que reconhece apenas dois gêneros nos documentos oficiais dos EUA.

“Estão ignorando documentos oficiais de outras nações soberanas, até mesmo de uma representante diplomática, para ir atrás de descobrir se a pessoa, em algum momento, teve um registro diferente”, escreveu Erika.

“Mas, no fim do dia, sou uma cidadã brasileira, e tenho meus direitos garantidos e minha existência respeitada pela nossa própria constituição, legislação e jurisprudência. E, se a embaixada dos EUA tem algo a falar sobre mim, que falem baixo, dentro do prédio deles. Cercado, de todos os lados, pelo nosso Estado Democrático de Direito”, acrescentou.

A psolista classificou o episódio como uma “situação de violência” e defendeu uma resposta diplomática do governo brasileiro diante do que considera uma afronta à soberania dos documentos nacionais e aos direitos das pessoas trans.

Rodrigo Fernandes

Jornalista; repórter de esporte; tem experiência em redação e marketing digital; faz coberturas dos maiores clubes de futebol da Bahia e escreve para as editorias de política e entretenimento.

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