Publicado em 18/04/2025 às 12h40.

Imprensa internacional aponta ‘poder excessivo’ do STF sob Alexandre de Moraes

Veículos estrangeiros como The Economist e The New Yorker questionam decisões e protagonismo do ministro no cenário político brasileiro

Redação
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

A atuação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tem sido alvo de questionamentos por parte da imprensa internacional, que vem apontando supostos excessos de poder da Corte. A revista britânica The Economist, por exemplo, publicou duas reportagens nesta semana sobre o Judiciário brasileiro, sugerindo que o STF adote mais “moderação”.

Em um dos textos, intitulado “A Suprema Corte do Brasil sob julgamento”, a publicação afirma que a democracia no país sofre tanto pela presença de políticos corruptos quanto pelo que considera um excesso de poder por parte de magistrados. Segundo a revista, Alexandre de Moraes seria o principal símbolo desse desequilíbrio. “Seu histórico mostra que o Poder Judiciário precisa ser reduzido”, afirma a reportagem.

A revista reconhece que o volume de desinformação na internet brasileira é enorme, mas entende que Moraes tem ultrapassado os limites, como ao determinar ações contra empresários apoiadores de Bolsonaro com base em mensagens privadas.

Outro ponto mencionado é o histórico político do ministro. The Economist ressalta que, antes de chegar ao STF, Moraes atuou apenas com políticos de centro-direita, o que torna sua postura atual ainda mais surpreendente. A publicação sugere que haja um componente pessoal em suas decisões. “Ele recebe constantes ameaças de morte. Essas ameaças parecem revigorá-lo e conferiram às suas decisões um tom absolutista.”

As reportagens também trazem críticas ao funcionamento do próprio STF. Embora reconheça a gravidade das acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a revista questiona o comportamento do tribunal, a qualidade das decisões e a proporcionalidade das punições.

Um exemplo citado é o fato de o julgamento de Bolsonaro ser conduzido por apenas cinco dos 11 ministros — incluindo dois com ligações diretas com o atual presidente Lula: o ex-advogado Cristiano Zanin e o ex-ministro da Justiça Flávio Dino.

Apesar das críticas, The Economist reconhece que o STF tem atuado conforme a legislação, mas com mais protagonismo do que cortes superiores de outros países. Isso se daria, em parte, por omissões de outros poderes. Como sugestão, a revista propõe que o STF evite decisões individuais e leve temas sensíveis ao plenário.

Já a americana The New Yorker publicou um extenso perfil sobre Moraes, abordando suas controvérsias e conflitos com figuras como Elon Musk e Donald Trump. Na reportagem, o ministro afirma: “Se Goebbels estivesse vivo e tivesse acesso ao X, estaríamos condenados. Os nazistas teriam conquistado o mundo.”

A publicação também aponta que, em algumas ocasiões, Moraes extrapolou os limites de sua autoridade, como ao bloquear mais de cem contas em redes sociais sem apresentar justificativas às plataformas. Após a suspensão do X (antigo Twitter), ele ainda teria aplicado uma multa de quase 9 mil dólares por dia a quem acessasse o site por VPN.

O New York Times, por sua vez, destacou o julgamento de Bolsonaro e o fato de Moraes acumular o papel de relator do caso e, ao mesmo tempo, ser um dos alvos do plano de assassinato descoberto na investigação sobre tentativa de golpe.

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