ACM Neto reúne aliados em meio a críticas por amizade com Rei do Lixo e cerco da Overclean

O vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, reuniu correligionários em um almoço de Páscoa neste domingo (20) em sua fazenda, na cidade de Cabaceiras do Paraguaçu, na Bahia. O deputado estadual Alan Sanches compartilhou um registro do encontro em suas redes sociais. Entre os comensais estavam aliados como o deputado federal Leo Prates (PDT), prefeitos e vereadores de cidades do interior.

“No feriado, também é dia de debater a Bahia e olhar para o futuro. Tivemos um almoço especial com ACM Neto, que nos recebeu para um bate-papo muito produtivo sobre o Recôncavo e o estado da Bahia. Ao lado do prefeito de Santo Antônio de Jesus, Genival Deolino, Ditinho e outros amigos e lideranças, tivemos a oportunidade de apresentar sugestões e discutir demandas essenciais para o desenvolvimento da região. 2026 está logo ali!”, escreveu Alan Sanches em suas redes sociais.

A confraternização ocorre no mesmo momento em que ACM Neto vem sendo criticado por aliados diante de um suposto isolamento político e em meio ao avanço da Operação Overclean, que mira caciques do União Brasil supostamente envolvidos em desvios de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro com recursos de emendas parlamentares. ACM Neto não é alvo da investigação.

Na semana passada, uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo apurou que o prefeito Bruno Reis (União Brasil), afilhado político de ACM Neto, é sócio desde 2022 do empresárioSamuca Silva Franco, que foi alvo de busca e apreensão na última fase da Overclean.

Em um vídeo que circula na internet, Bruno Reis faz elogios a Franco e diz que conversa com ele frequentemente por telefone.

A Overclean, cuja primeira fase foi deflagrada em dezembro do ano passado, tem entre os seus alvos pessoas que tinham proximidade com o grupo político de Reis, que é afilhado político do ex-prefeito soteropolitano ACM Neto.

Em nota, Bruno disse que “o empreendimento citado se trata de um investimento no campo imobiliário em Ilhéus, no sul da Bahia, sem qualquer vinculação política ou com setor público, portanto, é relacionado à área privada”.

Também próximo ao ex-prefeito, o empresário José Marcos de Moura, o ‘Rei do Lixo’, é apontado como um dos líderes da organização criminosa, que teria movimentado R$ 1,4 bilhão por meio de fraudes em licitações e contratos públicos. ACM Neto, por sua vez, já admitiu ser “amigo” de Moura.

O deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil) é outro correligionário do ex-prefeito citado pela PF. Sobre ele recai uma apuração a respeito da compra de um imóvel de luxo em Salvador.

A residência pertence ao empresário Gervásio Meneses de Oliveira, denunciado em 2020 pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) por corrupção no âmbito da Operação Injusta Causa, que apura venda de decisões na Justiça trabalhista.

O inquérito foi enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal), já que Elmar tem foro privilegiado. O deputado nega irregularidades e afirma que o parlamentar que indica emendas “não tem competência e nem se torna responsável pela execução das verbas e pela fiscalização das respectivas obras e serviços”.

A Overclean mira ainda Francisco Nascimento, primo e Elmar, por suposta fraude em licitações em Campo Formoso (BA), município governado pelo irmão do parlamentar, Elmo Nascimento (União Brasil). Durante as diligências da PF, Francisco jogou uma sacola com R$ 200 mil pela janela antes de ser preso pela PF em dezembro.

Outro primo, Amaury Nascimento, assessor de Elmar, também é mencionado no inquérito. O conteúdo está sob sigilo.

Em 2022, o parlamentar declarou patrimônio de R$ 2,3 milhões, incluindo uma a em Salvador e participação em uma distribuidora de bebidas e uma empresa agropecuária. No fim de janeiro, ele deixou a liderança do União Brasil na Câmara e assumiu a segunda vice-presidência da Casa.