Publicado em 25/04/2025 às 15h27.

Terapeuta explica como traumas da infância afetam a maternidade e geram impaciência

No Mês das Mães, Gabi Moutinho propõe reflexão sobre como traumas da infância influenciam a impaciência materna e a vivência da maternidade

Vitor Silva
Foto: Assessoria

 

Neste mês de maio, mês das mães, a terapeuta parental Gabi Moutinho convida o público a refletir sobre um tema sensível e urgente: de onde vem a impaciência que tantas mulheres sentem ao lidar com a maternidade? Sob o olhar da neurociência, Gabi explica que a resposta está, muitas vezes, escondida em dores do passado — que se somam à sobrecarga do presente.

“É um conjunto de fatores. A mulher chega em casa depois de uma longa jornada, ainda precisa cuidar dos filhos, organizar o dia seguinte. Está exausta, com o corpo tomado por cortisol e adrenalina. Quando perde a paciência, ela se culpa. Mas, na verdade, aquele impulso é reflexo do cansaço e de gatilhos acionados pela história dela”, explica.

Segundo Gabi, a impaciência materna não é um defeito de caráter, mas um sinal de que há algo pedindo atenção. “Muitas vezes, a irritação nasce na infância daquela mulher, que ainda carrega marcas de agressões verbais e físicas naturalizadas. Há quem diga que apanhou e é grato por isso. Mas o que isso revela sobre nossas feridas? Por que ainda zombamos da criação respeitosa? São dores ocultas, muitas vezes invisíveis, que se manifestam no ato de educar”, aponta.
A profissional, que também é mãe, usa suas redes sociais para trazer reflexões práticas sobre a criação dos filhos e as emoções dos adultos. Ao abordar temas como culpa, birra e disciplina, ela promove um acolhimento raro em meio à rigidez que ainda impera na educação parental.

“O que eu trago às mães é explicação. Quando o cérebro entende a origem de um comportamento, a mulher para de se culpar e começa a se autoavaliar. Isso muda tudo”, afirma Gabi. A especialista explica que, por vezes, a impaciência é fruto de um episódio de birra infantil, que aciona gatilhos da infância da mãe.
Segundo ela, conscientemente, não era para uma birra tirar alguém do sério, porque na posição de adulto, é possível ter controle da situação. No entanto, na prática, muita gente age por impulso e pela crença que é possível acabar com esses episódios.

“A gente não vai fazer a birra acabar porque ela é um processo neurológico de desenvolvimento infantil. Não é a criança que tem que parar com a birra, mas o adulto aprender a lidar com ela. A partir de um momento que uma mãe perde a paciência por causa de uma birra é porque ela se permitiu entrar no lugar de uma criança”, detalha.

Sobre a especialista

Gabi Moutinho é jornalista, escritora, pós-graduada em Terapia Sistêmica, orientadora parental e especialista em Neurociência, Desenvolvimento e Educação Infantil. Além de ser graduanda em Pedagogia (Unifacs), possui MBA em Marketing e Business Administration (EUA).

Vitor Silva

Repórter de entretenimento, mas escrevendo sobre política, cidade, economia e outras editorias sempre que necessário; tem experiência em assessoria, revista, produção de rádio e social media

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