Publicado em 12/05/2025 às 10h15.

Na China, Lula volta a criticar ‘tarifaço’ de Trump e defender o livre comércio

Segundo o presidente, com os novos acordos firmados entre ele e Xi Jinping, "nossa relação será indestrutível"

Redação
Foto: Ricardo Stuckert/PR

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar nesta segunda-feira (12) as tarifas adotadas pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enquanto discursava para centenas de representantes de empresas chinesas e brasileiras em Pequim.

“Eu não me conformo com a chamada taxação que o presidente dos Estados Unidos tentou impor ao planeta Terra do dia para a noite”, disse. “É preciso que a gente tenha consciência que precisamos trabalhar juntos.”

Segundo matéria da Folha de São Paulo, na avaliação de Lula, o “tarifaço” de Trump é uma prova de que Brasil e China devem se unir. O presidente também defendeu o multilateralismo, para que o livre comércio possa ser praticado. “O protecionismo no comércio pode levar à guerra, como já aconteceu tantas vezes na história da humanidade”, declarou.

“A gente exporta o que a gente quiser, a gente compra o que a gente quiser, sem precisar ninguém tentar impor qualquer diminuição na soberania de nenhum país”, completou. As declarações de Lula surgiram no final do discurso, de forma improvisada, em um dos momentos em que foi aplaudido.

“A nossa relação será indestrutível”, completou o presidente. “Porque a China precisa do Brasil e o Brasil precisa da China. E nós dois juntos poderemos fazer com que o sul global seja respeitado no mundo, como nunca foi.”

O discurso de Lula conteve uma série de argumentos favoráveis a relação comercial entre os dois países. O presidente citou diversas qualidades do Brasil com foco para investimento, mencionando a reforma tributária e dados sociais. “O Brasil garante estabilidade fiscal, tributária, política e, mais importante, estabilidade social.”

O petista também citou os investimentos chineses que a ApexBrasil, agência que promoveu o seminário, listou como tendo sido fechados na preparação para a nova visita de Estado de Lula à China: R$ 27 bilhões, volume que soma aportes de empresas como a Meituan, Longsys, e outros, que teriam sido confirmados entre domingo (11) e segunda, em reuniões que mobilizaram o presidente e 11 de seus ministros.

Além deles, as reuniões também contaram com a presença do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT).

Apesar de ter evitado explicitar detalhes sobre os acordos a serem anunciados nesta terça-feira (13), definidos após o encontro com o líder chinês, Xi Jinping, o presidente brasileiro falou em “incríveis oportunidades” para infraestrutura, como o corredor bioceânico, através de cinco rotas rodoviárias e ferroviárias.

Ele também sublinhou o intercâmbio de turistas e o envio de estudantes brasileiros às universidades chinesas, dando a China como modelo educação.

“A China está se comportando como um exemplo”, acrescentou, em referência aos investimentos chineses na América Latina e na África, em contraste com a Europa e “outros países”, que teriam reduzido a atenção para essas regiões. “Nós tratamos a relação com a China com muito carinho”, afirmou, novamente para aplausos chineses —atrasados com a tradução simultânea.

Lula também defendeu que o Brasil compartilhe seu conhecimento com a China em outros setores, com a área de defesa. Mais cedo, o presidente havia se reunido com Cheng DeFang, CEO da Norinco, indústria de defesa que fez uma proposta para participar minoritariamente da Avibrás, ex-estatal brasileira em dificuldades financeiras.

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