Publicado em 21/05/2025 às 14h26.

Lula concede Ordem do Mérito Cultural para Fernanda Torres, Janja, artistas e intelectuais

Esta é a primeira vez desde 2018 que a medalha é entregue para contribuintes do desenvolvimento cultural brasileiro

Redação
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

 

A Ordem do Mérito Cultural (OMC) voltou a ser entregue a quem contribui para o desenvolvimento da cultura no Brasil. Suspensa desde 2018, a concessão da comenda ocorreu em cerimônia que marcou a entrega do Palácio Gustavo Capanema, recém-reformado.

Segundo matéria da Agência Brasil, cento e onze pessoas e 14 instituições receberam a condecoração das mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra da Cultura, Margareth Menezes, na noite desta terça-feira (20). As condecorações são divididas em três graus: Grã-Cruz (41), para as maiores distinções; Comendador (33), para contribuições de destaque; e Cavaleiro(37), para contribuições relevantes em suas áreas de atuação.

A escolha teve participação popular. Durante 10 dias, o Ministério da Cultura recebeu, por meio de formulário digital, 11.318 indicações de pessoas, instituições e coletivos de todo o país dos mais diversos segmentos, artes cênicas, música, literatura, audiovisual, culturas urbanas, culturas populares, fotografia. A análise foi feita por uma Comissão Técnica e ao Conselho da Ordem. Foram condecorados representantes de expressões artísticas de diversas regiões do país, trajetórias e linguagens.

“É a cultura brasileira nesse reconhecimento simbólico, forte e necessário, tanto na entrega deste restauro desta obra de arte [Palácio Capanema] que impactou o mundo, como também a retomada da Ordem do Mérito, que estava há tantos anos parada. Em 2026, vamos fazer também entrega com este mesmo número de pessoas, porque são muitos que estão na nossa lista. A gente vê a cara do Brasil. Acho que é desse jeito que a gente fortalece a cultura brasileira: reconhecendo”, disse a ministra em entrevista à Agência Brasil.

Selos

Durante a cerimônia, os Correios lançaram dois selos postais. Um em homenagem aos 40 anos do Ministério da Cultura e o outro em memória da advogada, ativista dos direitos indígenas, Eunice Paiva, que lutou anos para elucidar o desaparecimento do marido, o ex-deputado federal Rubens Paiva, levado de casa por agentes da ditadura.

O escritor, dramaturgo e jornalista Marcelo Rubens Paiva, que recebeu a comenda Grã-Cruz lembrou a história dos pais.

“Quem está hoje aqui hoje não sou eu, quem está aqui é Rubens Paiva e Eunice Paiva. Eles que fizeram. Quem está aqui é a memória”, disse, ao lado da atriz Fernanda Torres e do diretor Walter Salles, também agraciados.

O filme “Ainda estou aqui”, protagonizado por Fernanda Torres e dirigido por Salles, venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional. O longa é baseado no livro de mesmo nome escrito por Marcelo Rubens Paiva.

Outra condecorada a cantora, compositora e deputada estadual (PCdoB), Leci Brandão, disse que ficou feliz ao receber a homenagem, em especial por coincidir na mesma data de entrega do Palácio Gustavo Capanema todo reformado ao público. “Eles tentaram nos tirar o Palácio [Capanema] e agora está aí de volta”, afirmou.

Para o cantor e compositor Chico César, é muito importante que o governo olhe para a cultura mostrando que a sociedade também deve olhar para a cultura. “Viver cultura no seu dia a dia. Essas celebrações, essas homenagens pontuam isso. É importante que as personalidades da cultura sejam olhadas com afeto, porque não faz tanto tempo assim, que Chico Buarque e Fernanda Montenegro eram xingados, inclusive por autoridades da República. Isso fazia muito mal para quem vive a cultura”, afirmou.

A escritora Conceição Evaristo disse que a devolução do Palácio Capanema à população é uma afirmação pela luta à liberdade.

“A luta pela liberdade é uma luta constante. Acho também que cada vez que nós, eu, como mulher negra e que tem uma representatividade, recebo uma comenda dessa é uma forma de homenagear todas as mulheres negras brasileiras”, contou à reportagem.

Agraciado com a Ordem ao Mérito, o escritor indígena Daniel Munduruku destacou que “a arte é um instrumento de resistência, por aqueles que não são da democracia, ela acaba agindo com uma espécie de contraponto às vozes ditadoras. Acredito que oferecer esse reconhecimento para os artistas e fazedores de cultura, alimenta muito nas pessoas a ideia verdadeira que o Brasil é um país da diversidade”.

A atriz e cantora Zezé Motta também comemorou a condecoração ao afirmar que “a sensação de que valeu a pena lutar” sobre a volta do Capanema.

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