Bolsonaro diz ter sido pego de surpresa com ação do STF e critica operação da PF

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou ter sido pego de “surpresa” com a operação da Polícia Federal (PF), realizada nesta sexta-feira (18), onde cumpriram-se dois mandados de busca e apreensão em endereços ligados a ele em Brasília. “Foi uma surpresa para mim hoje, 7h30 da manhã e a PF em casa”, afirmou Bolsonaro.

A operação ocorre por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), cinco dias após a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter pedido, na segunda-feira (14), a condenação do ex-presidente, e de mais sete aliados, por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022.

Em coletiva de imprensa em Brasília, logo após a ação da Corte, que também o obriga a usar tornozeleira eletrônica, Bolsonaro disse se sentir “humilhado” e criticou a operação da PF: “Como não tem nada de concreto, ficam fucilhando”

Tarifas

Bolsonaro também rebateu as alegações de que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), seu filho, tenha articulado o ‘tarifaço’ de 50%, imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros na última semana.

“Ele não articulou pró-tarifaço, a tarifa de 50% é do presidente dos Estados Unidos. Agora, ele tem um bom relacionamento com o parlamento americano e com gente da Casa Branca”, argumentou o ex-presidente.

Questionado sobre uma possível correlação entre as medidas do STF como “retaliação” a taxação americana, Bolsonaro desconversou, mas afirmou estar sempre “na mídia” desde que deixou a presidência em 2023.

“Não posso vincular uma coisa com a outra, mas desde quando eu saí do governo, só dá eu na mídia para o Lula poder falar besteira”, disse o ex-presidente.

Na carta enviada por Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciando a taxação, o presidente americano cita o julgamento de Bolsonaro no STF como uma das condições para a decisão. O republicano ainda saiu em defesa do ex-presidente brasileiro em diversas ocasiões, questionando a legalidade do processo, que definiu como uma “caça às bruxas”.

Embaixada

Questionado sobre a possibilidade de buscar asilo em alguma embaixada, como fez após ter tido seu passaporte apreendido, em fevereiro do ano passado, quando se hospedou na Embaixada da Hungria, em Brasília, por três dias, Bolsonaro negou e ironizou: “Procura saber se a Embaixada da Hungria tem alguma extradição”. “Eu tenho mais contatos com mais embaixadores do que o próprio Ministro das Relações Exteriores”, declarou.