Publicado em 21/07/2025 às 17h51.

Cartório tentou impedir Gilberto Gil de registrar filha como ‘Preta’; entenda

Nome da artista virou símbolo de identidade e resistência desde o nascimento

Rodrigo Fernandes
Foto: Reprodução/X @gilbertogil

 

A cantora e empresária Preta Gil, que faleceu neste domingo (20), aos 50 anos, por complicações de um câncer colorretal, teve sua história marcada por luta e representatividade desde o início – inclusive no momento em que seu nome foi escolhido.

Em depoimentos dados ao longo dos anos, tanto ela quanto o pai, o cantor Gilberto Gil, revelaram que houve resistência no cartório quando ele tentou registrá-la apenas como “Preta”. Na ocasião, a escolha do nome foi questionada por uma funcionária, que sugeriu que “Preta não era nome de gente”. Em novembro de 2021, Gil usou as redes sociais para relembrar o episódio.

“Na minha casa, Preta se tornou nome próprio. Quando fui fazer o registro da Preta Gil, eu falei para a moça registrar Preta. Ela perguntou: Preta? Eu disse: ‘Sim. Se for Branca, Bianca, Clara, pode? Acho que a senhora já registrou muitas’. Aí ela colocou”, escreveu o cantor em seu perfil no X (antigo Twitter).

Em tom semelhante, Preta também relatou a situação durante participação no programa Lady Night, da apresentadora Tatá Werneck, cerca de sete anos atrás. Segundo ela, o registro só foi autorizado após a inclusão de um nome católico ao lado.

“Meu pai foi me registrar no cartório e o tabelião falou que Preta não era nome de gente. Meu pai fez um discurso: ‘mas tem Bianca, Clara, Rosa, Branca, por quê não pode ter Preta?’ O tabelião falou: ‘se você botar um nome católico do lado, eu deixo’. Aí eu sou Preta Maria e eu amo meu nome”, contou, orgulhosa da identidade que carregou com força e afeto ao longo da vida.

Últimos dias e despedida

Diagnosticada com câncer no intestino em janeiro de 2023, Preta enfrentou a doença com coragem e transparência. Após um breve período de remissão, o câncer voltou de forma agressiva em 2024, com metástases em quatro regiões do corpo. A artista buscou tratamento experimental nos Estados Unidos, mas não resistiu.

Filha de Gilberto Gil e Sandra Gadelha, Preta nasceu em 8 de agosto de 1974, no Rio de Janeiro. Foi cantora, atriz, apresentadora e também fundadora da Music2Mynd, empresa voltada para gestão de imagem e carreira. Ela deixa o filho Francisco Gil, de 30 anos, fruto do relacionamento com o ator Otávio Muller.

O corpo de Preta Gil será trazido ao Brasil na quarta-feira (23), e a cerimônia de despedida será realizada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro — local escolhido pela própria artista. A cremação deve ocorrer entre os dias 23 e 24 de julho.

Confira relato de Gilberto Gil:

 

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Rodrigo Fernandes

Jornalista, repórter e produtor de conteúdo. Com experiência em redação e marketing digital, faz cobertura de esporte e política no bahia.ba. Antes disso, foi editor do In Magazine – Portal iG e repórter do Portal M! – Muita Informação.

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