OAB critica STF e políticos, pedindo respeito à Constituição
Em carta divulgada nesta quinta-feira (07), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) alerta sobre “precedentes perigosos” de prisão sem julgamento

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou, nesta quinta-feira (07), carta em que critica a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) com relação à “crescente tensão entre lideranças e instituições da República”. Sem citar o ministro Alexandre de Moraes e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a carta afirma que a prisão e imposição de medidas cautelares antes do trânsito em julgado pode abrir “precedentes perigosos”.
A OAB defende que a missão do STF é proteger a Constituição, e afirma que “tem agido incansavelmente para reverter decisões que venham a ferir tais garantias”, independente do viés ideológico dos envolvidos.
Além dos alertas ao Supremo, a carta dá recados a políticos eleitos que “estimulem o descrédito das instituições públicas”. Sem citar Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, a carta repudia ações dos parlamentares que incitem a adoção de medidas para desestabilizar e prejudicar a economia do país. A decisão de publicar a nota acontece após pressão das seccionais estaduais por uma manifestação da OAB sobre as crises políticas vividas no país.
Leia abaixo a nota na íntegra:
Carta da Ordem dos Advogados do Brasil ao país
Em um momento de crescente tensão entre lideranças e instituições da República e de radicalização do debate público, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) conclama os atores políticos e integrantes do Sistema de Justiça ao equilíbrio, ao respeito mútuo e à observância irrestrita aos ditames constitucionais. O Estado Democrático Direito exige contenção, prudência, limites e observância rigorosa da legalidade.
A OAB jamais tomará partido de qualquer lado político-ideológico, pois não é longa manus do governo nem linha auxiliar da oposição. Nosso compromisso é com o Brasil. Exatamente por isso, a OAB não pode se calar diante de excessos de qualquer natureza e origem institucional.
A prisão e a imposição de medidas cautelares severas contra réus ou investigados em processos criminais, determinadas sem trânsito em julgado, impõem a todos uma reflexão séria. É necessário reafirmar que medidas penais, especialmente as que limitam a liberdade, devem ser adotadas com fundamento inquestionável e com pleno respeito às garantias constitucionais, inclusive o direito à liberdade de expressão. A OAB não avalia a culpa ou inocência de envolvidos, mas zela para que sejam julgados de acordo com o devido processo legal. Sem isso, abrem-se precedentes perigosos, que podem amanhã atingir qualquer direção político-ideológica.
A atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), cuja missão é proteger a Constituição, deve sempre seguir os princípios que sustentam a própria democracia. Fundamental o respeito às prerrogativas da advocacia – como o sigilo profissional, o acesso pleno aos autos dos processos e à sustentação oral síncrona – que são garantias constitucionais, em verdade, do cidadão, destinatário do direito de defesa. A Ordem tem agido incansavelmente para reverter decisões que venham a ferir tais garantias, independentemente do viés ideológico dos assistidos, e continuará lutando, sempre dentro dos marcos institucionais, pelo livre e pleno exercício da advocacia.
Da mesma forma, a OAB rechaça veementemente gestos e ações de detentores de mandatos eletivos e de lideranças políticas que estimulem o descrédito das instituições públicas e que incitem a adoção de medidas, principalmente estrangeiras, que desestabilizem a economia do país e prejudiquem, por consequência, empresários e trabalhadores brasileiros. Não se constrói democracia sabotando o próprio país; ataques à soberania nacional são inadmissíveis. A liberdade de expressão é um valor constitucional, mas não pode servir de escudo para práticas antidemocráticas.
A Ordem dos Advogados do Brasil conclama todos os integrantes dos Poderes da República – Executivo, Legislativo e Judiciário — e todas as lideranças políticas e civis do país a firmarem um pacto pela pacificação do Brasil, com absoluto respeito à soberania pátria, ao devido processo legal e às normas constitucionais e legais, ao Judiciário e a todas as instituições públicas.
A Ordem seguirá independente e crítica, ativa e propositiva. E reafirma: somos agentes da legalidade. Nossa missão é proteger o Estado Democrático de Direito e o país, contra quem quer que seja. Nossa bandeira é a Constituição. Nosso lado é o Brasil.
Diretoria do Conselho Federal da OAB
Colégio de Presidentes dos Conselhos Seccionais da OAB
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