ONU condena plano de Israel para ocupar militarmente a Cidade de Gaza

A Organização das Nações Unidas (ONU) condenou nesta sexta-feira (8) o plano aprovado pelo governo de Israel para ocupar militarmente a Cidade de Gaza, medida que, segundo o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, viola decisões da Corte Internacional de Justiça e o direito do povo palestino à autodeterminação. Em comunicado oficial, Türk pediu a suspensão imediata da ação, classificando-a como “incompatível com as obrigações internacionais” de Israel.

A proposta, apresentada pelo gabinete de Benjamin Netanyahu, é descrita como parte da estratégia para “derrotar o Hamas”. No entanto, a iniciativa gerou forte reação internacional. A China declarou “sérias preocupações” e reafirmou que Gaza é parte inseparável do território palestino.

No Reino Unido, a ministra de Segurança Energética, Miatta Fahnbulleh, chamou a decisão de “equivocada” e alertou para o risco de agravamento da instabilidade. Já a ministra das Relações Exteriores da Austrália, Penny Wong, advertiu que a medida “apenas ampliará a catástrofe humanitária” e reforçou o apoio a uma solução baseada em dois Estados.

O plano prevê a retirada forçada de cerca de 800 mil civis da Cidade de Gaza, com a promessa de liberação de ajuda humanitária apenas fora das áreas de combate. A operação contraria o apelo crescente de líderes e organismos internacionais por um cessar-fogo, pela devolução dos reféns e pelo fim de uma ocupação que, há quase dois anos, mergulha a região em um cenário de fome, destruição e insegurança generalizada.

Analistas apontam que, além de aprofundar a crise humanitária, a medida pode isolar ainda mais Israel no cenário diplomático, dificultando negociações de paz e aumentando a pressão sobre seus aliados tradicionais.