Publicado em 11/08/2025 às 09h21.

Israel mata jornalistas da Al Jazeera e outras 3 pessoas em ataque aéreo

Um dos profissionais mortos, o jornalista Anas Al Sharif, era acusado sem provas pelo governo israelense de ter envolvimento com o Hamas

Redação
Foto: Reprodução/X @AnasAlSharfif0

 

Um ataque aéreo israelense matou, no domingo (10), o jornalista da rede estatal catari Al Jazeera, Anas Al Sharif, de 28 anos, além de quatro colegas seus, nas proximidades do Hospital Shifa, na cidade de Gaza, segundo reportaram autoridades locais e uma rede de TV. Um sexto repórter, freelancer, também foi morto.

Segundo matéria do InfoMoney, a Al Jazeera informou que o grupo ocupava uma tenda utilizada por profissionais de imprensa que cobrem o conflito na região quando foi atingido. O governo de Israel, por sua vez, afirma, sem apresentar provas, que o jornalista Anas Al Sharif era chefe de uma célula do Hamas e responsável por ataques com foguetes contra civis e tropas israelenses. A emissora e o próprio jornalista, antes de morrer, negaram qualquer ligação com o grupo.

Os outros jornalistas da Al Jazeera mortos foram Mohammed Qreiqeh, Ibrahim Zaher e Mohammed Noufal. Dois civis também morreram no bombardeio, segundo fontes médicas.

Al Sharif, que possuía mais de 500 mil seguidores na rede social X, também trabalhou como fotógrafo para a agência britânica Reuters e integrou a equipe vencedora do Prêmio Pulitzer de Fotografia de Última Hora em 2024. O jornalista foi listado por autoridades israelenses como integrante do Hamas no ano passado, acusação essa que foi rejeitada por entidades de imprensa e pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A morte gerou reações de grupos de defesa da liberdade de imprensa, que afirmam que Israel tem histórico de acusar jornalistas de militância sem apresentar provas. O Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) disse estar “consternado” e voltou a cobrar que a comunidade internacional investigue o caso.

De acordo com dados do projeto Costs of War, da Universidade Brown, nos Estados Unidos, o conflito entre Israel e Hamas já é o mais letal para jornalistas na história. O governo de Gaza afirma que 238 profissionais de imprensa foram mortos desde 7 de outubro de 2023, quando o conflito se iniciou; o CPJ contabiliza ao menos 186.

O Hamas disse que a ação contra jornalistas pode indicar o início de uma nova ofensiva israelense em Gaza, onde o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu desmontar as estruturas do grupo e a crise humanitária se agrava após 22 meses de guerra.

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