Publicado em 11/08/2025 às 11h49.

Sobe para seis número de jornalistas mortos por ataque israelense em Gaza

Organizações de defesa da imprensa e o Catar denunciam ataque; Israel afirma que um dos mortos era "terrorista"

Redação
Foto: Reprodução Redes sociais/ @hassan.salem.gaza

 

Com a confirmação, nesta segunda-feira (11), da morte de mais um profissional de imprensa na Faixa de Gaza, subiu para seis o número de vítimas do bombardeio do Exército israelense no domingo (10), que atingiu uma tenda da imprensa na entrada de um hospital.

A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) repudiou com veemência o ocorrido e citou entre os mortos Anas al Sharif, correspondente da Al Jazeera. O governo de Israel classificou Anas como “terrorista” — alegação que a emissora e organizações de defesa da imprensa contestam.

Anas al Sharif, de 28 anos, era um dos nomes mais conhecidos dos correspondentes da Al Jazeera que cobrem o conflito em Gaza. O Exército israelense afirmou que ele teria sido alvo do ataque por integrar uma célula terrorista, acusação que incluiu a divulgação de imagens e documentos relacionados ao jornalista.

O Sindicato de Jornalistas Palestinos qualificou o episódio como um “crime sangrento”. A RSF disse estar “horrorizada” com as mortes e afirmou que Anas al Sharif era “a voz do sofrimento imposto aos palestinos de Gaza”. Segundo a organização, cerca de 200 jornalistas perderam a vida no enclave desde o início da guerra, há 22 meses.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e o Catar — país onde a Al Jazeera tem sede — também denunciaram o que consideraram um ataque deliberado contra a tenda usada por uma equipe da emissora na Cidade de Gaza. Entre as vítimas, cinco eram funcionários da Al Jazeera.

Nesta segunda-feira foi confirmada a morte do fotojornalista freelancer Mohammed al Khaldi; o óbito foi anunciado por Mohammed Abu Salmiya, diretor do hospital Al-Shifa. A informação também foi corroborada pelo porta-voz da Defesa Civil em Gaza, Mahmoud Bassal. Além de Anas al Sharif e Mohammed al Khaldi, os demais profissionais mortos são: o repórter Mohammed Qreiqeh e os cinegrafistas Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa.

Com o bloqueio de Gaza, a cobertura internacional depende em grande parte do trabalho de jornalistas palestinos. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou um plano para permitir que repórteres estrangeiros atuem dentro de Gaza acompanhados pelo Exército, sem, porém, detalhar prazos. Desde o início da ofensiva, a imprensa estrangeira não tem autorização para trabalhar livremente na Faixa de Gaza; entradas foram eventuais e sujeitas a escolta militar e censura.

Os funerais dos cinco funcionários da Al Jazeera ocorreram nesta segunda-feira na Cidade de Gaza. Vídeos e imagens do local do ataque mostraram um muro danificado por estilhaços, colchões sujos de sangue e equipamentos destruídos na tenda.

A Al Jazeera afirmou que o ataque representa uma tentativa de silenciar vozes que denunciam a ocupação e informou que dez de seus correspondentes foram mortos desde o início da ofensiva, deflagrada após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. Em julho, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) acusou o Exército israelense de promover uma campanha de difamação contra Anas al Sharif. A transmissão da Al Jazeera está proibida em Israel e seus escritórios locais foram fechados em maio de 2024.

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